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SAÍDA PARA A VENEZUELA
A Venezuela não pode mais
permanecer no impasse político em que se enredou. A greve geral
convocada pela oposição ao presidente Hugo Chávez já está em sua segunda semana. As exportações de
petróleo, principal fonte de divisas
do país, estão praticamente paralisadas, e existe o risco de desabastecimento. A tensão entre os dois campos vai crescendo e não são desprezíveis as chances de que ocorra um
desfecho violento para a crise.
É para tentar evitar o pior que se faz
necessário encontrar uma saída política. A proposta lançada ontem pelos
Estados Unidos de antecipar as eleições pode representar uma saída.
Numa versão um pouco atenuada,
Chávez poderia alternativamente
concordar em realizar o quanto antes
um referendo sobre sua permanência ou não à frente do governo. Vale
lembrar que, quando lhe era conveniente, Chávez não hesitou em recorrer a referendos. A oposição agora
exige a renúncia do mandatário.
Apesar do que informa a imprensa
venezuelana, que milita como um
dos mais ativos membros da oposição, Chávez ainda conta com a simpatia das classes mais simples. Não
parece ser o bastante para derrotar as
forças oposicionistas, mas foi com
esse apoio que o presidente conseguiu reverter o golpe de abril.
Em termos estritamente legais,
Chávez não está obrigado a acatar
nenhuma dessas soluções. Ele foi
eleito democraticamente pelos venezuelanos, e o seu mandato vai até
2006. Mas a presente situação é insustentável. Se perdurar por muito
tempo mais, nem a economia nem
as instituições venezuelanas chegarão incólumes a 2006.
É verdade que a aceitação, por Chávez, de eleições antecipadas ou de
um referendo representaria uma vitória da oposição, mas essa parece
ser também a alternativa politicamente menos custosa para desarmar
o impasse e permitir que a Venezuela
reencontre o rumo da normalidade.
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