São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 2002

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SAÍDA PARA A VENEZUELA

A Venezuela não pode mais permanecer no impasse político em que se enredou. A greve geral convocada pela oposição ao presidente Hugo Chávez já está em sua segunda semana. As exportações de petróleo, principal fonte de divisas do país, estão praticamente paralisadas, e existe o risco de desabastecimento. A tensão entre os dois campos vai crescendo e não são desprezíveis as chances de que ocorra um desfecho violento para a crise.
É para tentar evitar o pior que se faz necessário encontrar uma saída política. A proposta lançada ontem pelos Estados Unidos de antecipar as eleições pode representar uma saída. Numa versão um pouco atenuada, Chávez poderia alternativamente concordar em realizar o quanto antes um referendo sobre sua permanência ou não à frente do governo. Vale lembrar que, quando lhe era conveniente, Chávez não hesitou em recorrer a referendos. A oposição agora exige a renúncia do mandatário.
Apesar do que informa a imprensa venezuelana, que milita como um dos mais ativos membros da oposição, Chávez ainda conta com a simpatia das classes mais simples. Não parece ser o bastante para derrotar as forças oposicionistas, mas foi com esse apoio que o presidente conseguiu reverter o golpe de abril.
Em termos estritamente legais, Chávez não está obrigado a acatar nenhuma dessas soluções. Ele foi eleito democraticamente pelos venezuelanos, e o seu mandato vai até 2006. Mas a presente situação é insustentável. Se perdurar por muito tempo mais, nem a economia nem as instituições venezuelanas chegarão incólumes a 2006.
É verdade que a aceitação, por Chávez, de eleições antecipadas ou de um referendo representaria uma vitória da oposição, mas essa parece ser também a alternativa politicamente menos custosa para desarmar o impasse e permitir que a Venezuela reencontre o rumo da normalidade.


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