São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Energia
"A Folha, no editorial "Confusão no MAE" (Opinião, pág. A2, 11/12), reproduziu textualmente parte de artigo de nossa página na internet sobre o Mercado Atacadista de Energia. Agradecemos a veiculação de nossos alertas em um espaço nobre desse jornal, mas solicitamos que se esclareça mais um aspecto. Independentemente da necessária auditoria, a questão do MAE é central no equívoco conceitual do modelo adotado pelo governo Fernando Henrique para o setor. Nesse mercado, algumas empresas recebem por conta de sobras contratuais. Vende-se um "direito" à energia, e não a energia verdadeira. O absurdo fica ainda mais evidente durante o racionamento, pois o preço cobrado atinge o valor do custo do déficit, valor altamente subjetivo. Além disso, se algum agente do mercado pode cobrar esse custo, este seria o consumidor, que ficou privado da energia. É pura lógica."
Roberto Pereira d'Araújo, diretor do Ilumina -Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico (Rio de Janeiro, RJ)

Derrama
"Foram mesmo uma "derrama" os aumentos da alíquota do PIS/Pasep e da Cide sobre os combustíveis e a manutenção das alíquotas da Contribuição Sobre o Lucro Líquido de empresas e do Imposto de Renda ("Dia da Derrama" dá mais de R$ 5 bi a Lula", Brasil, pág. A11, 13/12). Tudo feito a pedido do PT, a exemplo do ocorrido com a manutenção da CPMF. Como já foi dito, o governo é como o violino: toma-se com a esquerda e toca-se com a direita. Idiotas somos nós, que acreditamos em ideologia política e em populismo travestido de mudança."
Roberto Silva Costa (Ribeirão Preto, SP)
 
"O PT, que era contra a prorrogação da alíquota de 27,5% do IR, mudou. O PT, que era contra o FMI e contra o pagamento da dívida externa, mudou. A indecente taxa de juros vai aumentar no próximo ano. Vamos ver o que vai acontecer com o salário mínimo, com os aposentados e com os funcionários públicos federais."
José Rafael da Silva Lopes (São Paulo, SP)

Energia alternativa
"O jornalista Ricardo Arnt ("Novo governo, novas energias", "Tendências/Debates", pág. A3, 10/12) equivoca-se ao afirmar, em relação ao desenvolvimento das energias renováveis no Brasil, que "o grande entrave, paradoxalmente, é a legislação ambiental, lenta e burocrática". Não é devido à legislação que tardam as licenças ambientais para usinas movidas a bagaço de cana ou para as pequenas centrais hidrelétricas. Todas as alternativas energéticas causam impactos ambientais, e a legislação determina que esses impactos sejam devidamente considerados no processo de decisão. Para isso, tanto os projetos devem ser viáveis em termos ambientais quanto os estudos ambientais devem ser bem-feitos. A aplicação do espírito e da letra da lei exige que os analistas dos órgãos ambientais só aceitem estudos que demostrem a viabilidade do projeto. Caso contrário, devem ser refeitos. E essa é a causa maior da demora e "lentidão".
Luis Enrique Sánchez, professor livre-docente da Escola Politécnica da USP (São Paulo, SP)

Novo governo
"O governo de Lula ainda nem começou oficialmente e já carrega o ônus do seu exercício. Leio estarrecida diariamente nesta Folha e nos demais jornais cobranças, críticas e avaliações potencialmente negativas, como se Lula já estivesse no comando do país e como se fosse obrigação de todos esmiuçar o que ele faz e diz para que se descubra nas entrelinhas motivos inconfessáveis. Fica claro que há interesses poderosos, que, com medo de se verem contrariados, acreditam no ataque como melhor defesa. São avalistas e praticantes do "bato primeiro, verifico o porquê depois"."
Blanca Camargo (São Paulo, SP)

174
"Quero externar a minha total concordância com a opinião de Mário Magalhães, expressa no artigo "O ônibus e o camburão" (Opinião, pág. A2, 12/12), sobre a absolvição dos policiais acusados de matar Sandro do Nascimento, o sequestrador do ônibus 174. A sociedade precisa perceber que, permitindo a institucionalização da violência, a próxima vítima poderá ser ela própria."
Dalton Luiz de Luca Rothen (São Paulo, SP)

Ciência
"A reportagem "Indústria acusa Inpe de ajudar estrangeiros" (Ciência, pág. A16, 10/12) abre um debate importante e crucial sobre o incentivo à nacionalização de tecnologia aplicada a pesquisas. Espero que a Folha continue levando a público discussões desse tipo. Infelizmente, como pesquisador do Inpe há 14 anos, não posso concordar com a opinião do dr. Perondi de que a direção do Inpe é democrática. Enquanto nas universidades os chefes de departamento são eleitos pelos colegas por um período de dois a quatro anos, em instituições federais de pesquisa, como o Inpe, há exemplos de chefias que são mantidas por dez anos ou mais, impondo a sua vontade e opinião acima de todos -de forma nada democrática. Tenho ouvido queixas de vários pesquisadores -e eu próprio sou um deles- que vêem a sua liberdade científica, os seus projetos e os seus trabalhos deteriorados em nome de interesses "institucionais". Espero que essa reportagem abra caminho para discussões que contribuam para que as instituições federais percam resquícios ditatoriais e se tornem verdadeiramente democráticas."
Valdir Innocentini (São José dos Campos, SP)

Segunda língua
"Todos sabemos que, no mundo globalizado de hoje, falar um segundo idioma (no caso, o inglês), para quem pretende entrar no mercado de trabalho, é condição indispensável. E é óbvio que a globalização envolve os nossos políticos e tecnocratas. Então por que para estes falar um segundo idioma não seria imprescindível? Aqueles que aspiram ao poder -administrar um país como o nosso, com forte influência externa (americana)- não têm a obrigação de falar um segundo idioma?"
Adilson Pavan de Oliveira (Campo Limpo Paulista, SP)

Foto
"Não pude deixar de ficar intrigada com a foto publicada ontem na Primeira Página da Folha, que mostra o presidente eleito e seu séquito abrigados por guarda-chuvas. Todos seguravam o seu, à exceção do futuro chefe da nação, devidamente protegido pela primeira-dama, uma senhora que muito bem desenha grande parte do perfil da mulher casada brasileira. Não quero cair no extremismo feminista e julgar a foto ofensiva a Marisa (afinal, gentileza não significa submissão). Mas pareceu-me sutilmente grosseiro por parte da Folha dar destaque a essa imagem (e, perdoe-me Lula, mas um homem refinado deve oferecer-se para segurar o guarda-chuva e abrigar a sua própria mulher). Se os ternos mudaram, por que não incluir, além da nova roupagem, pequenos e contundentes gestos de sofisticação?"
Lilian Zaremba (São Paulo, SP)


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