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Confiança insustentável
FORAM reconfortantes os recentes resultados dos índices de preços apurados no
Brasil. A alta no custo dos alimentos, que vinha pressionando
intensamente a inflação, estacou. Muitos produtos alimentícios já apresentam preços em
queda. Ao lado disso, o temido
efeito do crescimento da demanda sobre os preços de variados
itens não se materializa.
Em regra bastante influenciadas pelos resultados recentes
dos índices, também as expectativas de inflação das instituições
financeiras, que ameaçavam ultrapassar o ritmo anual de 4,5%
perseguido pelo Banco Central,
pararam de subir. Refletindo esses dois movimentos, as taxas de
juros praticadas no mercado recuaram nos últimos dias.
Esse contexto favorável dilui e
ameniza o impacto da declaração
do ministro da Fazenda, Guido
Mantega, que na terça-feira afirmou não ver "nenhuma razão no
horizonte para alguma elevação
dos juros". Nem por isso ela deixa de ser infeliz.
Em nada contribui para a credibilidade do ministro ostentar
um grau de confiança insustentável num ambiente global de
flagrante incerteza. A determinação da taxa de juros, ademais,
é atribuição do Banco Central.
É desejável que o ministro da
Fazenda debata o tema com a direção do BC, mas em foros internos ao governo. Levar a discussão a público apenas confunde
ainda mais os agentes que tomam decisões na economia.
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