São Paulo, sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Confiança insustentável

FORAM reconfortantes os recentes resultados dos índices de preços apurados no Brasil. A alta no custo dos alimentos, que vinha pressionando intensamente a inflação, estacou. Muitos produtos alimentícios já apresentam preços em queda. Ao lado disso, o temido efeito do crescimento da demanda sobre os preços de variados itens não se materializa.
Em regra bastante influenciadas pelos resultados recentes dos índices, também as expectativas de inflação das instituições financeiras, que ameaçavam ultrapassar o ritmo anual de 4,5% perseguido pelo Banco Central, pararam de subir. Refletindo esses dois movimentos, as taxas de juros praticadas no mercado recuaram nos últimos dias.
Esse contexto favorável dilui e ameniza o impacto da declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que na terça-feira afirmou não ver "nenhuma razão no horizonte para alguma elevação dos juros". Nem por isso ela deixa de ser infeliz.
Em nada contribui para a credibilidade do ministro ostentar um grau de confiança insustentável num ambiente global de flagrante incerteza. A determinação da taxa de juros, ademais, é atribuição do Banco Central.
É desejável que o ministro da Fazenda debata o tema com a direção do BC, mas em foros internos ao governo. Levar a discussão a público apenas confunde ainda mais os agentes que tomam decisões na economia.


Texto Anterior: Editoriais: Flanco aberto
Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: O encontro dos caras-de-pau
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.