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CLÓVIS ROSSI
O encontro dos caras-de-pau
SÃO PAULO - Quando comecei na
Folha, há exatos 28 anos, Adilson
Laranjeira era chefe de reportagem.
Meu chefe, portanto.
Profissional competente, uma de
suas funções era pôr a sua turma a
trabalhar em textos de denúncia ou
críticos a Paulo Salim Maluf.
Depois, o velho e bom Adilson
mudou de lado. Passou a ser assessor de imprensa de Maluf. E, nessa
função, faz o contrário do que fazia
quando estava na Folha: manda
cartas negando todas as acusações
e críticas a seu chefe. É do jogo.
Essa rotina reapareceu, em parte,
na edição de ontem desta Folha,
em carta na qual Adilson diz que fui
injusto ao comparar a farra dos
"fuscas" com dinheiro público de
Maluf com a farra dos cartões lulopetistas (e tucanos).
Mas há, na carta, um dado relevante: nos 23 anos decorridos até
chegar ao poder, o PT fazia questão
de vociferar que todos os demais
partidos eram farinha do mesmo
saco e que só ele era impoluto como
a Virgem Maria.
Agora que a suposta virgem virou
"organização criminosa", no dizer
do procurador-geral da República,
referendado em princípio pelo
STF, é Maluf, a antiga Geni da política tupiniquim, quem fica injuriado ao ser posto no mesmo saco do
lulopetismo.
Já os lulopetistas nem mandam
cartas para fingir que são inocentes. Apenas esmolam para que os
jornalistas digamos que os outros
também não são.
Pedido, aliás, que apenas revela a
cara-de-pau e má-fé da "quadrilha"
e de sua matilha de hidrófobos-debilóides, posto que TODOS os escândalos dos anteriores governos,
TODOS, foram expostos exatamente pela mídia hoje dita "golpista", da Ferrovia Norte-Sul, no governo Sarney, à privataria, passando pela compra de votos para a reeleição, no governo FHC, para nem
mencionar todos os trambiques do
governo Collor, aliás hoje aliado de
Lula. Como Maluf. Como Sarney.
crossi@uol.com.br
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