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Editoriais
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Na linha certa
É CONSENSUAL a avaliação de
que a atual matriz de transportes brasileira precisa ser
transformada se o país quiser
manter elevadas taxas de crescimento nos próximos anos. Cerca
de 60% das necessidades de circulação de cargas do país são
atendidas por rodovias, modalidade cujo custo é consideravelmente superior ao do transporte
ferroviário e hidroviário.
A distorção cobra um preço
elevado, já que o peso excessivo
dos transportes na estrutura de
custos das empresas as coloca
em sensível desvantagem diante
das concorrentes estrangeiras.
Nesse sentido, é positiva, ainda
que tardia, a intenção do governo
de rever elementos do atual modelo de concessão de ferrovias,
conforme anúncio recente.
Por várias razões, o formato
hoje vigente, que remonta à privatização da Rede Ferroviária
Federal (RFFSA), em 1996, não é
compatível com o objetivo de
ampliar o espaço das ferrovias na
matriz de transportes.
A operação do serviço se dá sob
custos elevados, seja pelos altos
preços praticados pelas concessionárias, seja porque a livre circulação de trens em toda a malha, apesar de formalmente prevista, ocorre na prática de forma
tímida, o que acaba por reduzir o
potencial de circulação.
Mais crítico, contudo, é o fato
de que o atual modelo padece de
falta de clareza quanto à responsabilidade pela realização de investimentos na malha ferroviária. As concessionárias concentram seus esforços na manutenção dos trechos mais rentáveis, e
estima-se que mais de 60% dos
30 mil quilômetros em regime de
concessão não sejam efetivamente explorados.
O modelo em estudo aponta
para a separação entre as atividades de operação do transporte
ferroviário e de investimento na
malha, que terá necessariamente
que incluir recursos públicos no
caso de determinados trechos.
Ao que parece, será mais adequado às necessidades do país.
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