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CONSELHO DE GUERRA
A reunião de cúpula de emergência marcada para amanhã
entre o presidente dos EUA, George
W. Bush, e os primeiros-ministros
Tony Blair, do Reino Unido, e José
María Aznar, da Espanha, será, nas
palavras da conselheira de segurança
nacional da Casa Branca, Condoleezza Rice, "uma oportunidade para
refletir sobre caminhos para levar o
processo nas Nações Unidas a uma
conclusão". Para muitos analistas,
porém, a reunião se parece mais com
um conselho de guerra.
Seria, por certo, precipitado afirmar que os EUA e seus mais fiéis
aliados desistiram de vez de obter o
aval do Conselho de Segurança (CS)
da ONU a uma ação bélica contra o
Iraque, mas a cada dia que passa parecem mais remotas as chances de o
CS aprovar uma nova resolução que
abra caminho para o conflito.
O próprio secretário de Estado dos
EUA, general Colin Powell, admitiu
que Washington pode desistir definitivamente de levar uma nova resolução ao plenário do CS. A avaliação
é a de que o desgaste de não submeter uma nova proposta a votação seria menor do que o de vê-la rejeitada.
As diferenças entre os países favoráveis à guerra no CS (EUA, Reino
Unido, Espanha e Bulgária) e os contrários (França, Rússia, China e Alemanha) parecem de fato inconciliáveis. Os EUA não estão dispostos a
conceder mais do que alguns dias a
Saddam Hussein, enquanto a França
fala em dar pelo menos mais quatro
meses para as inspeções.
Há também uma razão militar para
a pressa dos EUA: a aproximação do
verão no hemisfério Norte. A partir
de abril, as temperaturas começam a
elevar-se na região do golfo Pérsico,
dificultando a movimentação de tropas. Esse efeito é agravado pela eventualidade de os soldados terem de
utilizar seu pesado equipamento
contra armas químicas.
Tudo indica que, com ou sem as
Nações Unidas, a ação militar no Iraque começará nos próximos dias.
Mais uma vez, a lógica da guerra e do
unilateralismo deverá lamentavelmente triunfar sobre a racionalidade
e o multilateralismo.
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