UOL




São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRIMES DE FIDEL

Aproveitando-se de que os olhares do mundo estavam voltados para os desmandos dos EUA no Iraque, o ditador cubano, Fidel Castro, resolveu endurecer o regime e deflagrou uma nova onda de repressão na ilha caribenha.
Num intervalo de 20 dias entre captura e sentença, 75 dissidentes cubanos foram condenados a penas que variam de seis a 28 anos de cadeia. As acusações são as de atentar contra a "segurança do Estado" e conspirar "a favor de potência estrangeira".
Num desenvolvimento paralelo, Havana condenou à morte e fuzilou três pessoas que haviam sequestrado um barco de passageiros e tentado desviá-lo para a Flórida. O plano fracassou e os perpetradores foram detidos. Deve-se reconhecer que, diferentemente de presos políticos, os sequestradores cometeram um crime grave. Mas isso não basta para justificar a aplicação da pena capital -já condenável em si mesma- para um delito que não causou mortes.
Fidel Castro poderia muito bem aproveitar-se de um momento em que a opinião pública mundial está majoritariamente contra seu maior inimigo -os EUA- para reforçar os pleitos de Cuba diante da comunidade internacional. Se tivesse dado sinais de distensão e abertura, conseguiria trazer para si a simpatia do mundo, e quem sabe também algum apoio político para tentar colocar um fim ao embargo econômico que Washington impõe aos cubanos. Mas, atuando com a miopia típica dos tiranetes, Fidel preferiu apostar numa saída de força, numa atitude criminosa que já lhe valeu ampla gama de condenação internacional.
Nos próximos dias, o caso será apreciado pela Comissão de Direitos Humanos da ONU, da qual Havana poderá receber nova censura. Mas não convém esperar muito de uma comissão de direitos humanos presidida pela Líbia de Muammar Gaddafi -mais um sinal destes tempos confusos em que vivemos.


Texto Anterior: Editoriais: POLÍTICA INDUSTRIAL
Próximo Texto: Washington - Clóvis Rossi: Não doeu
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.