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São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 2003

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CLÓVIS ROSSI

Não doeu

WASHINGTON - Não parecia ser o melhor local para recuperar o discurso social, que foi a principal característica do PT pelo menos até o momento do ano passado em que a vitória eleitoral ficou próxima.
O IIE (sigla em inglês para Instituto para a Economia Internacional) tem na diretoria financistas do calibre de um David Rockfeller e de um George Soros (lembra-se? É aquele mesmo do "Serra ou o caos").
Lawrence Summers, o ortodoxo e prepotente secretário do Tesouro na última fase do governo Clinton, é também diretor, assim como Paul Volcker, antecessor de Alan Greenspan na presidência do Fed, o banco central dos Estados Unidos.
Tudo somado, trata-se de uma coleção de adeptos e propugnadores do Consenso de Washington. Aliás, um dos pesquisadores principais do IIE chama-se John Williamson, exatamente o economista que codificou o Consenso.
Foi lá que o ministro brasileiro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, ressuscitou o discurso social do PT, o mesmo, aliás, que fizera na sua posse, mas ficou depois meio esmaecido.
Disse com todas as letras que a estabilidade (até agora uma espécie de "pensamento único" versão PT) não é tudo, embora seja necessária. O governo Lula quer mais; quer crescimento e distribuição de renda.
"Crescimento e distribuição de renda não vêm por geração espontânea. Precisam ser trabalhados, preparados, planejados", diz Palocci.
Tudo isso dito, Palocci saiu vivo e sem ferimento nenhum do almoço de ontem no IIE, presente Williamson, o do Consenso, que, aliás, já lançou um livro chamado "Depois do Consenso de Washington".
O novo texto é "um esforço para entender porque os resultados da reforma (sugerida no Consenso original), embora claramente positivos em muitos aspectos, ainda são tão desapontadores".
O discurso de Palocci parece centrado na releitura do Consenso. Falta pô-lo em prática e, principalmente, agradar Brasília Teimosa, não apenas Washington.


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