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A CONTA-GOTAS
Embora pudesse ser maior, o
corte de 0,25 pontos percentuais na taxa básica de juros, determinado ontem pelo Banco Central,
não deixa de ser um fator positivo
num ambiente em que começam a
ressurgir alguns sinais de otimismo
em relação ao aquecimento da atividade econômica. Depois de um primeiro trimestre decepcionante, a indústria conta com melhor desempenho nos próximos meses. É o que
mostra pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas, na qual 54%
dos empresários estimam que a produção industrial irá crescer no trimestre abril-junho.
O levantamento revela também
que, em relação a janeiro, aumentou
o número dos que crêem que a demanda esteja se fortalecendo. Como
apenas 6% afirmam que os estoques
estão acima do previsto, pode-se
imaginar que o setor terá condições
de expandir a produção. Outro dado
auspicioso é a constatação de que
caiu o percentual dos que dizem pretender elevar seus preços. Nesse cenário, a sinalização do BC tende a auxiliar a recuperação, ao contrário do
que aconteceu em janeiro, quando a
autoridade monetária esfriou drasticamente as expectativas de crescimento ao decidir interromper os cortes na taxa de juros.
Nada disso, porém, remove o problema principal, que é a permanência de um patamar excessivamente
alto para os juros na economia brasileira. A questão vem merecendo crescente atenção de economistas. Porém, se há consenso quanto ao diagnóstico, são consideráveis as incertezas e divergências na definição das
terapias -o que é natural dada a
complexidade do tema e os fortes interesses envolvidos.
O fato é que cabe ao governo ser
mais firme e ousado na adoção de
medidas que possam combater as
anomalias que vigem nesse terreno,
como são os elevadíssimos
"spreads" cobrados pelos bancos de
empresas e pessoas físicas.
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