São Paulo, quinta-feira, 15 de abril de 2004

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A CONTA-GOTAS

Embora pudesse ser maior, o corte de 0,25 pontos percentuais na taxa básica de juros, determinado ontem pelo Banco Central, não deixa de ser um fator positivo num ambiente em que começam a ressurgir alguns sinais de otimismo em relação ao aquecimento da atividade econômica. Depois de um primeiro trimestre decepcionante, a indústria conta com melhor desempenho nos próximos meses. É o que mostra pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas, na qual 54% dos empresários estimam que a produção industrial irá crescer no trimestre abril-junho.
O levantamento revela também que, em relação a janeiro, aumentou o número dos que crêem que a demanda esteja se fortalecendo. Como apenas 6% afirmam que os estoques estão acima do previsto, pode-se imaginar que o setor terá condições de expandir a produção. Outro dado auspicioso é a constatação de que caiu o percentual dos que dizem pretender elevar seus preços. Nesse cenário, a sinalização do BC tende a auxiliar a recuperação, ao contrário do que aconteceu em janeiro, quando a autoridade monetária esfriou drasticamente as expectativas de crescimento ao decidir interromper os cortes na taxa de juros.
Nada disso, porém, remove o problema principal, que é a permanência de um patamar excessivamente alto para os juros na economia brasileira. A questão vem merecendo crescente atenção de economistas. Porém, se há consenso quanto ao diagnóstico, são consideráveis as incertezas e divergências na definição das terapias -o que é natural dada a complexidade do tema e os fortes interesses envolvidos.
O fato é que cabe ao governo ser mais firme e ousado na adoção de medidas que possam combater as anomalias que vigem nesse terreno, como são os elevadíssimos "spreads" cobrados pelos bancos de empresas e pessoas físicas.


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