São Paulo, quinta-feira, 15 de abril de 2004

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PAINEL DO LEITOR


"Parabéns ao cartunista Angeli pela espetacular charge de ontem na Folha (Opinião, pág. A2). Ele expressou muito bem o que nós, cidadãos brasileiros, estamos sentindo. Espero que o próximo presidente seja realmente Deus, visto que os homens de poder neste país, há décadas, são um grupo de corruptos e incompetentes. O Poder Legislativo não serve para nada, e o Poder Judiciário está longe da população. Parece piada de mau gosto."
André Luis de Oliveira Coutinho (Campinas, SP)

 

"Assinante que sou da Folha há cinco anos, acompanho diariamente as charges da página A2 deste jornal. Nenhuma delas, embora quase todas sejam ótimas, se compara à de ontem. Nela, o cartunista, com seu fino senso de humor e ironia, mostra o caminho que nós, brasileiros, devemos seguir doravante. Rezar e rezar muito para que o Todo-Poderoso use o seu poder divino para interferir nos desmazelos e choque de egos que vêm desgastando o "gigante adormecido", que, a cada dia que passa, parece, por vontade política, condenado ao repouso eterno."
Carlos Moreira Gomes Neto (São José do Rio Preto, SP)

Ciclos na escola
"Parabenizo a Folha pelo brilhante editorial "Repetência" (Opinião, pág. A2, 13/4), que contesta a crítica feita pelo presidente Luiz Início Lula da Silva ao sistema de ciclos, mais conhecido como progressão continuada. O processo pedagógico muitas vezes fica distante dos interesses imediatistas da classe política. O governante não é obrigado a saber tudo, mas é obrigado a se preparar antes de dar declarações bombásticas. No caso citado, o senhor presidente manifesta uma opinião que contradiz a posição de seu partido, uma vez que a educação por ciclos sempre norteou o programa educacional do PT. Por outro lado, presta um serviço esta Folha quando esclarece e orienta o leitor de forma imparcial sobre o conceito real de educação de ciclos, consagrado em muitos países e agora amadurecendo no Brasil."
Gabriel Chalita, secretário de Estado da Educação (São Paulo, SP)

Cotas
"Sou leitora fiel de Danuza Leão. Gosto da sensibilidade e da originalidade com que aborda as questões cotidianas, tão importantes para o ser humano e tão esquecidas -especialmente dentro dos meios de informação. Foi particularmente feliz a sua crônica de 11/4 ("Uma questão de tom", Cotidiano). De fato, os governantes e líderes do Brasil, na ânsia de mais uma vez "fazer de conta" que resolveram um problema -atacando as conseqüências e não as causas- estão implantando entre nós a discriminação racial. Isso é uma faca de dois gumes. Quando se estabelece um critério racial para estabelecer cotas mínimas, ele também poderá ser usado para cotas máximas, tal como acontecia em relação aos judeus nas universidades alemãs e norte-americanas no século 19 e início do 20. Na ânsia de copiar os americanos, as ONGs de proteção ao negro estão desencadeando esse perigoso processo, que fere a nossa Constituição."
Eliana Branco Malanga, doutora em letras e comunicação pela USP e professora universitária e de pós-graduação em instituições públicas e particulares (São Paulo, SP)

 

"Poucas pessoas querem discutir o tema da exclusão da população negra com seriedade -inclusive a proeminente colunista Danuza Leão. Penso que a colunista nem sequer acredite que houve um processo de escravidão neste país e que após tal prática os negros foram jogados na rua ao deus-dará, onde lamentavelmente a grande maioria permanece até hoje. A senhora Danuza deveria imaginar o que é ser pobre e negro neste país, onde a sujeira é sempre varrida para debaixo do tapete. Este país deve muito ao povo negro. Não sou favorável ao sistema de cotas da forma como ele está sendo apresentado, mas sou favorável a que se faça uma discussão sobre o tema, tema que pessoas como a colunista insistem em transformar em discussão de boteco de terceira categoria, de uma forma racista e preconceituosa, tentando transformar vítimas em algozes. No Brasil, o racismo e o preconceito assumem as formas mais sofisticadas e cruéis, dignas de causar inveja até mesmo a países onde tais praticas são exercidas abertamente."
Gerson Pedro, membro da Ação Negra de Integração e Desenvolvimento -Anid (Barueri, SP)

 

"Discordo do professor José Goldemberg quando diz que a ação afirmativa americana é somente um modismo que o Brasil está tentando imitar sem muito sucesso ("As cotas nas universidades públicas", "Tendências/Debates", 8/4). Diferentemente da sociedade brasileira, a americana, desde a sua fundação, sempre debateu a situação do negro. E a premissa era a de que todos os homens foram criados iguais perante Deus, menos os negros, que constituiriam apenas três quartos do ser humano. A ação afirmativa não é um modismo que surgiu há alguns anos, como deu a entender o professor. Ela foi criada na época da luta dos direitos civis dos negros, há mais de 35 anos. É verdade que houve casos de estudantes que entraram com ações contra certas universidades por se sentirem discriminados, mas foi graças à ação afirmativa que o negro americano conseguiu um espaço importante dentro da sociedade. É graças a ela que existe hoje nos EUA uma elite e uma classe média negra como em nenhum outro lugar do mundo. No Brasil, quando o assunto é racismo, dizemos ser difícil implementar algo semelhante devido à nossa grande miscigenação e ao grande problema do país -a pobreza. Isso é um engodo para não haver um debate sério sobre a situação do negro no ensino superior."
Edson Cadette (Woodside, EUA)

Salário em educação
"Nós, da Apeoesp, vimos a público esclarecer os equívocos da carta do coordenador de imprensa do Estado de São Paulo publicada nesta seção em 13/4. O professor de ensino básico 1, em início de carreira, recebe atualmente R$ 512,40 pela jornada de 24 horas semanais. Com as chamadas gratificações, o salário chega a R$ 640,40 -conforme dados da Secretaria da Educação. Portanto é capciosa a informação de que o magistério foi beneficiado com aumento médio de 197%. A política de bônus e gratificações implementada pelo governo estadual tem gerado crescente perda salarial, pois não contempla a evolução do professor na carreira nem os professores aposentados. Por isso a extensão imediata das gratificações aos aposentados e a incorporação dos benefícios aos salários é emergencial não apenas para os professores mas também para outros servidores públicos."
Carlos Ramiro de Castro, presidente da Apeoesp -Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

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