|
Próximo Texto | Índice
FALTA DE OPÇÃO
Ao bater às portas do governo
dos EUA, em busca de apoio financeiro, o governo argentino tem
ouvido que deve entender-se com o
FMI. Mas os entendimentos com o
Fundo não avançam. A descrença
das autoridades financeiras internacionais na Argentina continua muito
grande. De menina dos olhos, o país
se transformou em pária. E não consegue escapar dessa condição.
Uma nova missão do FMI está em
Buenos Aires. Fala-se, sem entusiasmo, na possibilidade de que seja firmado um acordo até meados de julho. A pressa é mais do que justificada, pois a deterioração econômica e
social aguda exige respostas rápidas.
Mas os argentinos não têm muitas
ilusões quanto à dimensão do apoio
financeiro que poderão obter. A liberação de dinheiro novo pelo FMI é
considerada improvável. Cogita-se,
basicamente, que se permita à Argentina postergar o pagamento, ao
próprio FMI, dos volumosos créditos que vencem até o final de 2003.
Talvez o Banco Mundial e o BID, depois de fechado o acordo com o FMI,
liberem novos empréstimos.
No todo, não se espera que esse
eventual acordo propicie alívio relevante para o financiamento das contas externas e das contas públicas.
Por isso o Banco Central da Argentina pleiteia a concordância do FMI
para imprimir quatro vezes mais pesos do que era previsto no Orçamento do país para 2002.
Essa atitude denota a falta de opções do governo platino. Ainda não
se chegou a um mínimo consenso
político em torno da distribuição
-entre os bancos, os poupadores de
classe média, os trabalhadores assalariados e o próprio setor público-
das perdas geradas pela crise. O financiamento do governo por meio
da emissão de moeda representa um
mecanismo "cego" de arbitragem de
perdas -que não tira a economia argentina do seu impasse financeiro,
mas, ao alimentar a inflação (que pode chegar a 100% neste ano), agrava
o prejuízo dos maiores perdedores:
os trabalhadores assalariados.
Nesse quadro, não surpreende a incipiente ascensão de grupos políticos de esquerda, que até há pouco tinham papel marginal na Argentina.
Próximo Texto: PREVENIR HOMICÍDIOS Índice
|