São Paulo, sábado, 15 de junho de 2002

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PREVENIR HOMICÍDIOS

As ondas de homicídio no Estado de São Paulo possuem alguns epicentros, que coincidem com as áreas mais densamente habitadas. A incidência dos homicídios é relativamente mais alta nessas regiões. Mas, ao longo do tempo, os assassinatos começam a aumentar também nos seus entornos. Em suma, a violência paulista vai chegando a cidades do interior que, antes, eram caracterizadas pela tranquilidade.
Essa tendência foi ilustrada em pesquisa do Seade sobre homicídios no Estado de São Paulo. Os grandes centros de incidência dos assassinatos são a macrorregião que abrange a Grande São Paulo, a Baixada Santista e São José dos Campos e a região de Campinas. Nessas áreas, a taxa de homicídios supera 30 por 100.000 habitantes. Em seguida, com índices que variam de 15 a 30, surgem cidades médias, como Sorocaba, Taubaté, Ribeirão Preto e Araçatuba.
A interiorização da violência se revela quando se compara, ao longo do tempo, o número de cidades que não registraram nenhum homicídio: era de 283 em 1996, caiu para 263 em 2000 e para 193 no ano passado. Em alguma escala, a desagregação social que repercute na banalização da vida (mata-se por uma ninharia), está se reproduzindo no interior.
O poder público municipal e o estadual não dispõem de grandes recursos para interferir, por exemplo, na taxa de desemprego, que é um dos fatores que permitem a proliferação da violência. Mas podem tentar, ao menos, reduzir as situações em que, com mais frequência, ocorrem os homicídios. Em Diadema, governo estadual e prefeitura se associaram e, a partir de um diagnóstico estatístico acerca dos assassinatos, começaram a atuar para evitá-los, por exemplo fazendo ações para desarmar pessoas nas imediações de forrós e danceterias. A taxa de homicídios caiu.
Os prefeitos paulistas que, infelizmente, terão de despender maior preocupação com a violência em seus municípios outrora pacatos poderiam se inspirar nesse exemplo.



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