São Paulo, terça-feira, 15 de junho de 2004

Próximo Texto | Índice

ATRAIR INVESTIMENTO

O fluxo de investimento estrangeiro direto para os países latino-americanos diminuiu pelo quarto ano consecutivo, segundo relatório divulgado pela Unctad (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento). Em 1999, o volume de recursos alcançou US$ 109 bilhões, caindo para US$ 49 bilhões em 2003 -uma redução de 55%. Com isso, a participação da América Latina no fluxo de investimento para países em desenvolvimento declinou de 48% para 28%.
Há fatores externos e internos que explicam essa tendência. Diante da deterioração das condições econômicas nos países-sede, as próprias empresas transnacionais contiveram suas estratégias de expansão. Essa tendência foi, no entanto, exacerbada pela retração dos investimentos na região latino-americana, dada a estagnação econômica e o fim dos processos de privatização. Entre 1999 e 2003, a taxa média de crescimento da região foi de 1,2%. No mesmo período, a Ásia registrou uma expansão de 6,3%, atraindo um volume mais significativo de capital.
De modo geral, a atuação das empresas transnacionais costuma se ampliar quando há perspectivas de crescimento das economias. O investimento estrangeiro direto impulsiona um ciclo expansivo, mas não o determina. Para 2004, projeta-se uma taxa de crescimento dos países latino-americanos em torno de 3,7%, o que provavelmente resultará em alguma recuperação dos recursos produtivos aplicados na região.
No Brasil, os investimentos registraram elevação no primeiro trimestre deste ano de 2,2% em relação ao mesmo trimestre de 2003. Para que possa ganhar dinamismo, essa retomada dos investimentos domésticos e estrangeiros precisa ser impulsionada por ações governamentais. Há toda uma agenda a ser desembaraçada no Congresso e nos órgãos federais. Ela vai das políticas industriais ao aperfeiçoamento dos marcos regulatórios, passando por diretrizes para o fortalecimento do mercado de capitais e a racionalização tributária. Sem que se ofereçam ao investidor regras claras e a confiança no crescimento, a incipiente recuperação do PIB corre o risco de mostrar-se insuficiente e efêmera.


Próximo Texto: Editoriais: JUSTIÇA CARENTE
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.