São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Itaú
"A reportagem "Lucro do Itaú cai 28%, mas ainda é de US$ 1 bi" (Dinheiro, pág. B12, 7/8) apresenta alguns equívocos que gostaríamos de esclarecer. O título não corresponde à realidade. O lucro líquido obtido no período foi de R$ 1,048 bilhão, o que corresponde a aproximadamente US$ 368 milhões se for adotada a taxa de câmbio de R$ 2,8444 por dólar, vigente em 30/6/2002. Segundo a reportagem, "(...) o provisionamento elevado é uma forma de os bancos e empresas esconderem lucros e, ainda, pagar menos Imposto de Renda". É preciso esclarecer que as provisões constituídas são indedutíveis para fins de Imposto de Renda e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, o que torna sem sentido a afirmação e induz o leitor a percepção distorcida. Ainda segundo a reportagem, "o resultado pode estar subestimado em razão do elevado provisionamento de R$ 1,941 bilhão". Essa informação é incorreta, pois soma despesas ocorridas no segundo trimestre às despesas do semestre. O total de despesas do semestre associadas à constituição de provisões atingiu R$ 1,8 bilhão. Adiante, a reportagem diz que "o provisionamento de R$ 1,941 bilhão inclui reservas para cobertura de créditos de liquidação duvidosa (R$ 943,305 milhões)". Nesse trecho, a reportagem confunde o saldo patrimonial das provisões com as despesas associadas à constituição dessas provisões, visto que o valor de R$ 943 milhões corresponde à despesa de provisão para créditos de liquidação duvidosa do semestre, e não às "reservas" existentes para fazer frente a esses créditos. Esse equívoco se manifesta ainda no seguinte trecho: "(...) as reservas para créditos de liquidação duvidosa cresceram 54%". Na verdade, o que cresceu 54% foi a despesa com provisão para créditos de liquidação duvidosa quando comparado o primeiro semestre de 2002 com igual período do ano anterior."
Sílvio Aparecido de Carvalho, diretoria executiva de controladoria do banco Itaú (São Paulo, SP)

Resposta da jornalista Sandra Balbi -
O lucro do banco Itaú, que consta do título da reportagem, está errado. Leia abaixo a seção "Erramos" com a devida correção. Os dados referentes ao provisionamento citado na reportagem foram fornecidos pelo banco Itaú. Não houve confusão entre "reservas" e "despesas de provisionamento", e sim uma simplificação. A visão de que houve um provisionamento elevado é de analistas ouvidos pela Folha.

Valores
"A morte de uma criança, baleada numa discussão de trânsito em São Paulo, demonstra que a estupidez humana não tem limites e reflete tragicamente o comportamento de agentes públicos e burocratas, preocupados apenas com números, estatísticas, taxas de câmbio e Bolsas. Valores como solidariedade, respeito e equilíbrio familiar -sustentados por uma educação de boa qualidade, por moradias decentes, por boa rede pública de saúde e transporte- vão sendo jogados sistematicamente na lata do lixo, e a mídia tem grande culpa nisso."
Mário Teixeira Filho (São Paulo, SP)

Os donos
"Reveladora a última frase do artigo de José Serra publicado na terça-feira pela Folha ("Entender, querer, fazer", "Tendências/Debates, pág. A3). Diz o candidato: "Pense nisso, leitor eleitor, durante aqueles dois ou três minutos em que você e mais 115 milhões serão donos do Brasil". Fica a pergunta: quem são então os donos do Brasil no restante do tempo?"
Marco Aurélio Sobreiro (Suzano, SP)

Carros oficiais
"Parabéns à Folha pela reportagem "PT usa carros oficiais em ato pró-Genoino, diz promotor" (Brasil, pág. A10, 14/8), que mostra a utilização -"genuinamente" ilícita- de uma frota oficial da administração municipal para transportar participantes de comício."
Hélio Selles Ribeiro (Guaratinguetá, SP)

"A esta altura dos acontecimentos, pouco importa de que forma as autoridades foram para o lançamento do programa de governo do PT. A Folha não informou qual é o conteúdo do programa de governo do PT para o Estado de São Paulo. Enquanto pegou carona nessa picuinha, o jornal deixou-me, como leitora e eleitora, a pé."
Cleusa Lourandi (São Paulo, SP)

Inteligência mínima
"As esquerdas brasileiras, se tivessem um mínimo de inteligência, teriam mandado divulgar, em outdoor e em todo o país, a excelente charge de Angeli publicada na pág. A2 em 13/8. A verve do cartunista vale por mil editoriais."
Antonio Carlos de Carvalho (Rio de Janeiro, RJ)

Veracidade
"A veracidade do que dizem os políticos é como a do que mostram os termômetros: nunca é própria, apenas reflexo do ambiente. Nesta época pré-eleitoral, vê-se bem o quanto isso é verdade: alianças inesperadas, declarações e fatos desmentindo afirmações do passado Tudo isso nos leva a uma reflexão: onde está a ética na política?"
Remy de Souza (Salvador, BA)

Lei de Serpico
"Torço para que os candidatos à Presidência tenham lido a excelente coluna de Elio Gaspari de ontem ("A polícia precisa da lei de Serpico", Brasil, pág. A10). Elio Gaspari expõe a idéia da coordenação pelo governo da organização de uma fundação de direito privado destinada a amparar os policiais. Essa fundação seria mantida por uma pequena contribuição dos policiais e, em grande parte, pelo sistema financeiro, por seguradoras e pela iniciativa privada. Estes subsidiariam os policiais na compra de casa própria, na educação dos filhos, na compra de carro e até mesmo num seguro de vida. Com tudo isso, um policial dificilmente se tornaria desonesto."
Carlos Eduardo Pompeu (Limeira, SP)

PT
"A Folha editorializou a cobertura do debate com o nosso candidato, Luiz Inácio Lula da Silva, usando uma linguagem de estranhamento e dando ênfase ao que ele não disse. Chamada de Primeira Página em 13/8 diz que "Lula evitou o confronto". Eu pergunto: confronto com quem? Lula foi à Folha, a convite, para ser entrevistado por jornalistas e para responder a perguntas do público -o que foi feito-, e não para confrontar outros candidatos -que serão também entrevistados. O título de reportagem interna diz: "Evasivo, Lula poupa bancos, mídia e FHC". A ênfase é em algo que ele não fez, e não no que ele falou. E, se Lula foi de fato evasivo, caberia aos jornalistas, todos da Folha, insistir nas questões -no momento e na hora da entrevista. O relato dos debates deveria ter sido substantivo, cabendo ao leitor fazer os seus julgamentos, sem a indução de manchetes valorativas ou depreciativas. Foi assim que o debate foi relatado pelos demais jornais. Por ser a promotora do debate, mais ainda a Folha deveria ater-se à transcrição ampla e direta -com apenas alguns recursos de titulação e outros que facilitem a leitura. Para o seu próprio julgamento do debate, a Folha poderia ter usado seus espaços editoriais. Além disso, os jornalistas da Folha que participaram do debate, assim como outros que não estiveram no encontro, possuem colunas assinadas, nas quais poderiam expressar as suas opiniões sobre o desempenho de Lula -como fez Marcelo Coelho na mesma edição."
Bernardo Kucinski, Comitê Lula Presidente (São Paulo, SP)



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