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MARCELO BERABA
Quem não deve
RIO DE JANEIRO - O ministro Waldir
Pires, da Controladoria-Geral da
União, está tocando um programa
sério de acompanhamento sistemático do uso das verbas federais destinadas aos municípios. Como era de
imaginar, o programa está revelando
vários casos de incompetência, de negligência e de corrupção.
Pires participou, no congresso que a
Associação Nacional dos Jornais acaba de realizar em São Paulo, da discussão sobre direito de acesso a informações públicas, que tem tudo a ver
com o combate à corrupção.
No Brasil, por tradição autoritária,
as informações de interesse coletivo
-como gastos orçamentários, licitações, prestações de contas, contratações de serviços e pessoal, definições
de políticas públicas- são rotineiramente negadas. E isso ocorre tanto
na União como nos Estados e nos
municípios; tanto no Executivo como
no Legislativo e no Judiciário.
A Folha, por exemplo, levou quase
50 dias para obter do governo do Estado do Rio cópias de seis contratos
firmados sem licitação. Em São Paulo, o jornal "Agora" teve de recorrer à
Justiça para obter dados da Prefeitura sobre a taxa do lixo.
Embora seja a palavra mais usada
por qualquer político hoje, principalmente em campanha eleitoral, não
há nenhum princípio republicano
mais maltratado entre nós do que o
da transparência.
O esforço do ministro Waldir Pires
em combater a corrupção com uma
fiscalização profissional e constante
precisa vir acompanhado de iniciativas preventivas. A mais importante
de todas é a transparência. E transparência significa informação.
Há um entendimento equivocado
de que a reivindicação de acesso a informações públicas é do interesse
apenas dos meios de comunicação.
Os casos escabrosos de corrupção ou
de mau uso de verbas públicas provam que essa luta interessa a todos.
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