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São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

Dirceu fala

BRASÍLIA - O chefe da Casa Civil, José Dirceu, ri quando falam ou escrevem sobre disputas acirradas no governo quanto ao ritmo e ao grau de flexibilização da política de juros e de superávits altíssimos.
"Isso é coisa de quem não entende nada de PT. No PT, nós discutimos tudo e decidimos em conjunto", diz ele, vez ou outra apontado como antagonista de Palocci, da Fazenda.
Um, o político, estaria pressionando por uma queda rápida dos juros e bons refrescos para as empresas. Outro, Palocci, continuaria teimosamente agarrado à ortodoxia -ou à "ditadura do FMI", como dizem até no próprio PT.
"Nós fizemos uma blindagem do Palocci. Engana-se quem pensa que a política é só dele, que ele está sozinho. A política é nossa, do governo, do presidente", acrescenta Dirceu.
Na noite de quarta-feira, num jantar de líderes e jornalistas, o ministro também desautorizou a versão de que o governo estaria desistindo de uma reforma tributária mais ousada: "Nós vamos fazer, vocês vão ver".
Ontem, depois de tomar café da manhã com o deputado Delfim Netto (PP-SP), a conversa parecia um tanto diferente. Ou é tudo um jogo de cena para garantir no Senado uma reforma mais ampla, ou Delfim seduziu o governo com a idéia de etapas: agora, prorrogação da CPMF e da DRU (que permite ao governo usar 20% do Orçamento como bem quiser); na seguinte, a tal desoneração do setor produtivo; só mais adiante a mudança do ICMS e o combate à guerra fiscal entre os Estados.
Segundo Dirceu, não há intenção de aumentar o valor da Cide (a contribuição sobre a gasolina). Quando ministros falam em "aumentar a arrecadação", leia-se que a economia vai crescer, empresas e cidadãos vão rodar muito, consumir muita gasolina e pagar muita Cide. Ah, bom!
Dirceu parece bem-humorado e otimista, à vontade entre líderes do governo e da oposição. Quem conversa com ele sai com a sensação de que tudo está às mil maravilhas. Até ler os jornais do dia seguinte.


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