São Paulo, sábado, 15 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CLÓVIS ROSSI

As "fast" teorias, ilusórias

SÃO PAULO - Não é que a França já saiu da recessão? Como, se não faz tanto tempo assim era acusada de esclerosada, de excessivamente "étatiste", parte do que chamavam de "velha Europa", como contraponto aos países ex-comunistas, atacados do frenesi capitalista próprio dos recém-convertidos?
Não eram os Estados Unidos o modelo da modernidade, da inventividade, da produtividade, da expansão econômica infinita? Como é que a França ousa sair da recessão antes dos Estados Unidos?
Pior, do ponto de vista dos fundamentalistas de mercado, os Estados Unidos só não afundaram mais e só estão pondo alguns fios de cabelo fora d'água graças à mais formidável pilha de dinheiro jamais mobilizada na história deste país (digo, daquele país) para salvar o mercado.
Ah, a Alemanha saiu igualmente do fundo do poço, com todo o seu modelo, também muito pendurado no Estado. Ah, e o Reino Unido? Não saiu, não, embora seja, desde o reinado Margaret Thatcher (1979/1990), a vice-campeã mundial do neoliberalismo.
Só estou citando esses fatos para voltar ao texto de anteontem nesta Folha de Mohamed El-Erian, um desses deuses do mercado, que ironizava a gangorra nas análises sobre o descola/não descola entre as economias emergentes e as do mundo rico.
Para voltar também a Ruy Castro que, na quarta-feira, dizia: "Fast food é junk food, como se sabe, e há uma relação óbvia entre junk food e junk music: se as pessoas comessem a música que a mídia lhes serve para ouvir, já estariam mortas há muito tempo".
Pois é, Ruy, se as pessoas comessem as "fast" teorias econômicas que os indefectíveis analistas lhes servem para entender o mundo, entenderiam tudo errado.
Não é hora de dar um "slow motion" na elaboração afobada de modelos e teorias?

crossi@uol.com.br

Texto Anterior: Editoriais: Mídia em conferência

Próximo Texto: Brasília - Fernando Rodrigues: O DNA da apatia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.