|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CARLOS HEITOR CONY
Antônio Olinto
RIO DE JANEIRO - No último sábado, perdemos Antônio Olinto,
mineiro de Ubá, 90 anos bem vividos, uma vida marcada pelo amor e
pela dedicação à literatura e à cultura em geral. Já em idade avançada
tomava conta de diversas bibliotecas, chegou a ir recentemente a Teresina dar aulas, ele que havia sido
professor visitante em Harvard e
Columbia.
Durante anos foi o colunista literário mais influente do país, mantendo sua "Porta de Livraria" como
referência principal para quem se
interessasse por livros e eventos
editoriais. Em 1959, a José Olympio
reuniu num volume ("Cadernos de
Crítica") alguns de seus artigos.
Não era um resenhista, mas um crítico equipado com um extraordinário conhecimento humanístico. Ex-seminarista, jornalista, exerceu
cargos diplomáticos em Londres e
Lagos, tornando-se, ao lado de Alberto da Costa e Silva, um africanista de peso, dedicando seus romances a temas até então inéditos em
nossa literatura.
Gostaria de citar alguns autores
estudados com carinho e perícia
que estão presentes em seus livros:
Huxley, Aníbal Machado, Guimarães Rosa (foi dos primeiros a escrever seriamente sobre o autor de
"Sagarana"), Fernando Sabino
(idem), Mário Palmério, Campos de
Carvalho, Callado, Otto Lara Resende, Octávio de Faria, Jorge
Amado (talvez o maior especialista
na obra do autor de "Gabriela"), Gilberto Amado, Sartre, Graham Greene, Malaparte, Faulkner, Cecília
Meireles -é impressionante o índice dos autores reunidos em seu
"Caderno", no qual, por inexplicável generosidade, incluiu a primeira
crítica que recebi ao publicar meu
livro de estreia.
Foi poeta também. Guardo dele,
num recorte do antigo "Jornal dos
Sports"", o poema dedicado à torcida brasileira por ocasião da Copa do
Mundo de 1950: uma obra-prima.
Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: Dia de festa Próximo Texto: Marcos Nobre: A política das palavras Índice
|