|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ATMOSFERA CARREGADA
São inquietantes os dados
que mostram um acentuado aumento da taxa de acumulação de gás
carbônico (CO2) na atmosfera nos últimos anos. O CO2 é um dos principais causadores do efeito estufa,
aquecimento gradual da atmosfera
do planeta, que poderá, entre outras
conseqüências, causar a inundação
de arquipélagos e cidades costeiras.
Desde que os registros começaram, em 1958, os biênios 2001/2002 e
2002/2003 foram os primeiros períodos consecutivos em que a concentração de CO2 superou 2 ppm (partes
por milhão). O que causa particular
preocupação é o fato de que esse foi
um período em que não se registraram picos de atividade industrial
nem o fenômeno climático El Niño,
que já foram correlacionados ao aumento das taxas de CO2.
Pode ser que o incremento esteja
associado aos grandes incêndios florestais no hemisfério Norte nos últimos anos, mas é possível que se tenha subestimado a contribuição humana para o efeito estufa.
Uma das hipóteses mais temidas
pelos climatologistas é que estejamos assistindo ao começo de um
efeito "feedback", no qual florestas e
oceanos perdem sua capacidade de
absorver grandes quantidades de
carbono seqüestrando CO2 da atmosfera. Se isso de fato estiver ocorrendo, as piores conseqüências do
efeito estufa, como a elevação do nível dos mares, grandes secas e tempestades mais freqüentes, previstas
para o final do século, poderão se antecipar em algumas décadas.
É claro que, por enquanto, tudo são
hipóteses. O que não é conjectura,
mas fato, é que a ação humana está
contribuindo para o efeito estufa e é
preciso começar a reduzir as emissões de certos gases.
Nesse terreno, de concreto existe o
Protocolo de Kyoto, que poderá finalmente entrar em vigor depois que
a Rússia o ratificar, o que acaba de
anunciar que fará. É claro que qualquer iniciativa nesse campo fica esvaziada sem os EUA, de longe os maiores emissores de CO2. Em 2001, com
George W. Bush no poder, a Casa
Branca abandonou o tratado. Dentro
de duas semanas, após a eleição norte-americana, saberemos quais serão
as chances de Washington voltar a
subscrever o acordo.
Texto Anterior: Editoriais: "APAGÃO" ESTATÍSTICO Próximo Texto: Editoriais: ESCUTA CONTROLADA Índice
|