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ELIANE CANTANHÊDE
Ainda bem que o Haiti existe
BRASÍLIA - Lula deveria reunir
Dilma, Mantega e Paulo Bernardo,
mais Henrique Meirelles (BC), e seguir o conselho do ministro Waldir
Pires: rezar. Rezar para agradecer a
existência do Haiti.
Só por causa desse pequeno, miserável e infeliz país o Brasil não ganhou o título de pior crescimento
das Américas em 2005. O Haiti levou, o Brasil ficou com a nada honrosa medalha de prata e está na disputa novamente em 2006.
Lula acenou com 10 milhões de
empregos na campanha de 2002,
alardeou o "espetáculo do crescimento" e acenou com um índice de
5% em 2007 -que já está sendo revisto. Nada se cumpriu.
Aliás, antes de chegar a 2007, temos que fechar 2006, e está difícil.
A expectativa original era de uns
4,5%. Depois, foi desmilingüindo,
desmilingüindo e desmilingüiu. Já
está abaixo de 3%.
O governo Lula pode, assim, acabar perdendo uma outra disputa
além da que o Brasil trava com o
Haiti: qual dos governos, o seu ou o
de FHC, produziu o índice médio
de crescimento mais pífio?
Por enquanto, está pau a pau, mas
com uma vantagem para o tucano:
ele pelo menos tinha desculpa, pois
a média anual nos seus dois mandatos foi pressionada para baixo por
cinco crises internacionais. Lula
nem desculpa tem. Passou quatro
anos sem uma só crise externa. O
desempenho foi ruim porque foi.
Por que, hein?
Para 2007, só temos intenções,
promessas, reuniões, acusações
mútuas. Nada que possa criar um
ânimo otimista, enquanto o Judiciário discute aumentos salariais
para ele próprio, o Legislativo vota
um teto salarial equivalente ao do
Judiciário e vai-se cumprindo a
previsão de Cristovam Buarque na
campanha: vem aí um novo calote
eleitoral. O país não cresce, as contas não fecham e o governo vai ter
de cortar. Onde mesmo?
Enfim, ainda bem que o Haiti
existe. E não é aqui, por enquanto.
elianec@uol.com.br
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