São Paulo, sexta-feira, 16 de janeiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DÍVIDA E JUROS

A despeito do elevado superávit fiscal e da valorização do real em relação ao dólar, o estoque da dívida pública mobiliária federal alcançou R$ 731,4 bilhões em dezembro de 2003, apresentando um crescimento de 17,4% sobre o ano anterior, segundo o Tesouro Nacional. O principal fator de ampliação da dívida pública foi o aumento da taxa de juros básica no início do ano passado a fim de conter o processo de aceleração inflacionária desencadeado pela desvalorização da moeda brasileira durante o período eleitoral.
Durante o ano passado, houve, no entanto, uma relativa melhora na administração da dívida pública. A participação dos papéis cambiais, incluindo os contratos de "swap", caiu de 37% para 22% do total, significando uma redução de R$ 87 bilhões no estoque da dívida corrigida pelo dólar. Essa queda decorre, sobretudo, de dois movimentos. Em primeiro lugar, o dólar comercial teve valorização de 18,1%. Em segundo lugar, o Tesouro e o BC resgataram (não renovaram) parte da dívida que venceu no período. A participação dos títulos prefixados aumentou de 2,2% para 12,5% do total.
Por sua vez, o prazo médio da dívida pública federal foi reduzido de 33,2 meses em dezembro de 2002 para 31,3 meses em dezembro de 2003. Já a dívida pública de curto prazo, a vencer nos próximos 12 meses, diminuiu de 41,1% para 35,3% no mesmo período, promovendo um ligeiro alongamento nos prazos dos títulos.
Parecem corretas as prioridades definidas pelo Tesouro para a gestão da dívida pública. Em 2003, procurou-se diminuir a exposição às flutuações da taxa de câmbio. Em 2004, a prioridade deverá ser a redução da parcela atrelada à taxa de juro Selic, em torno de 50% do total. Com isso, busca-se ampliar a participação dos títulos prefixados para aumentar a capacidade das autoridades econômicas de realizar política monetária. Nesse contexto, torna-se recomendável também manter a tendência de queda da taxa Selic, o que contribuiria para conter o crescimento da relação entre a dívida líquida e o PIB.


Texto Anterior: Editoriais: POUCO TRABALHO
Próximo Texto: Editoriais: NO MUNDO DA LUA

Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.