São Paulo, sexta-feira, 16 de janeiro de 2004

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NO MUNDO DA LUA

Se há uma unanimidade em torno do plano espacial anunciado pelo presidente norte-americano, George W. Bush, é a de que se trata de um projeto eleitoreiro. Todo o resto é motivo de disputas, com defensores ardorosos e críticos ácidos.
É fato que Bush já deu início à sua campanha pela reeleição. Num intervalo de uma semana, o presidente anunciou planos para a imigração, para o espaço e até para os casamentos. Procura contentar a interesses tão díspares quanto os de imigrantes ilegais e de religiosos conservadores, além de reavivar os mitos do pioneirismo americano. Tenta mostrar-se um líder capaz de pensar além da guerra ao terrorismo.
Como não pode desagradar muito aos que propugnam pelo equilíbrio orçamentário, Bush tomou o cuidado de, pelo menos no caso do espaço, não prometer um grande aumento de verbas. É claro que muitos viram aí uma das falhas do plano. Sem dinheiro novo, o projeto dificilmente sairá do papel.
É oportuno lembrar que outros presidentes já anunciaram visões espaciais semelhantes. O último deles foi justamente George Bush pai, que, em 1989, também propôs a construção de uma base permanente na Lua seguida de um vôo tripulado para Marte. Sugeriu 2019 como meta para chegar ao planeta vermelho. É claro que bastou a Nasa apresentar-lhe uma conta de US$ 400 bilhões para que o plano fosse esquecido.
A questão de ir ou não à Lua antes de Marte é outro ponto polêmico. Os americanos já estiveram lá. Não há muita coisa, mas seria exagero afirmar que tudo já foi visto. E voltar à Lua poderia ensinar a resolver uma série de problemas que existem para uma viagem humana a Marte. Os críticos dessa tese, contudo, afirmam que a passagem pelo satélite natural da Terra apenas atrasaria e oneraria ainda mais a almejada missão marciana, verdadeiro próximo objetivo da exploração espacial.


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