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Desafio americano
POR QUANTO tempo o maior
devedor do mundo poderá
continuar sendo a maior
potência do mundo? Esta pergunta direta, formulada há algum tempo pelo assessor da Casa
Branca Lawrence Summers resume os desafios que enfrentarão os EUA nos próximos anos.
Até antes da crise de 2008, a
deterioração das contas externas
-o deficit em conta corrente
atingiu 6% do PIB em 2007- era
o grande fator de preocupação
entre as autoridades americanas.
Não poderia ser diferente, pois a
relação entre dívida externa
crescente e perda de status internacional é clara, ainda mais
quando o grande credor é o principal rival estratégico, a China.
A queda da demanda privada
de consumo e investimento decorrente da crise financeira permitiu alguma redução nestes desequilíbrios externos. Mas, como
contrapartida, ampliou o outro
grande furo: o das contas públicas, que fecharam 2009 com um
deficit de US$ 1,4 trilhão, valor
equivalente a 10% do PIB.
Neste mês, o governo Obama
apresentou o Orçamento para
2010, e os números não são melhores. As projeções apontam
para um buraco de US$ 1,5 trilhão em 2010, 11% do PIB. São cifras assustadoras, que comprometem seriamente a capacidade
financeira dos EUA.
Para piorar, o Orçamento americano é cada vez mais engessado. A parte discricionária já equivale a menos de 15% do total. O
presidente Obama afirmou que a
prosperidade é a base da posição
e da influência dos EUA no mundo. A questão orçamentária é hoje o grande desafio para mantê-las nas décadas vindouras.
Em breve, os americanos serão
confrontados com a realidade de
cortes drásticos no Orçamento e
com a necessidade de reformas
ainda mais profundas na área da
saúde. O aperto fiscal complicará
ainda mais o cenário de crescimento para os próximos anos.
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