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ELIANE CANTANHÊDE
Sem saída
BRASÍLIA - O governador José
Roberto Arruda está afastado, passando o Carnaval na cadeia e sem
condições políticas e emocionais,
senão jurídicas, de reassumir.
O vice, Paulo Octávio, está numa
corda bamba, equilibrando-se entre o que já foi, está sendo e ainda
poderá ser publicado sobre a Operação Caixa de Pandora. Ele dorme
sonhando com um "arco de alianças
políticas", mas perdeu o próprio
DEM e acorda num pesadelo.
O presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima (PR), não só é um
ilustre desconhecido como representa uma Casa em demolição, com
pelo menos 8 dos seus 24 membros
atingidos pela confusão, e a maioria
empurrando a sujeira e a CPI para
debaixo do tapete.
Sobra na linha de sucessão o presidente do Tribunal de Justiça do
DF, Níveo Gonçalves, para assumir
e convocar eleições indiretas em 30
dias. O que só manteria girando o
círculo do infortúnio. Quem tem legitimidade para se candidatar?
A crise policial, legal, pessoal e de
legitimidade, portanto, indica que a
autonomia que Brasília conquistou
na Constituinte de 1988 esfarelou-se nesses 20 anos, com dois de seus
três governadores e três de seus senadores implodidos por impeachment, cassação, prisão.
A solução para a crise aguda, portanto, seria a intervenção. Mas ninguém a quer -o Supremo, que teria
de aprová-la; o governo Lula, que
teria de gerenciá-la; o Congresso,
que ficaria impedido de votar
emendas constitucionais. E há alguém aí louco para ser interventor?
Além de inédita, uma intervenção do DF seria fatalmente traumática, e o interventor ficaria numa situação que não se deseja para o pior
inimigo: sem sustentação política,
com a administração de pernas para o ar e tendo de driblar a rejeição
da Câmara Legislativa. A população, horrorizada com tudo e com
todos, não ia entender nada.
A situação é de caos. Ruim sem
intervenção, ficaria pior ou melhor
com ela? Não há resposta.
elianec@uol.com.br
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