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DESCONTROLE
Depois da crise que se seguiu à
nota do Partido dos Trabalhadores pedindo mudanças na política
econômica, ontem foi a vez do Partido Liberal, do vice-presidente José
Alencar, disparar contra o ministro
da Fazenda, Antonio Palocci Filho. E
o fez sem meias palavras, no estilo
que o vice consagrou em suas críticas
à política monetária nos primeiros
meses do governo petista.
Momentos antes da posse de seu
correligionário Alfredo Nascimento
no Ministério dos Transportes, o
presidente do PL, deputado Valdemar Costa Neto (SP), sugeriu que o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva
trocasse o ministro Palocci "por alguém que tenha competência para o
cargo". As críticas se estenderam ao
presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Costa Neto afirmou
que o Planalto errou ao não ter designado o senador Aloizio Mercadante
para a Fazenda.
É profundamente lamentável que
divergências sobre a condução da
política econômica entre o governo e
seus aliados venham a público em
termos tão impertinentes quanto os
utilizados pelo presidente do PL.
Certamente faz parte do jogo democrático e da dinâmica dos governos
que surjam divergências sobre as diversas políticas e os nomes escolhidos para implementá-las. Mas o que
se deve esperar é que essas diferenças
sejam tratadas em termos elevados.
Não que a política econômica não
mereça críticas -ao contrário. O
que o presidente do PL fez, no entanto, equivale a uma declaração de
guerra. Quem tem aliados desse naipe pode dispensar a oposição. Costa
Neto deu uma notável contribuição
para inutilizar os esforços do presidente Lula, na semana passada, visando diminuir as turbulências que
cercam a área econômica.
O episódio reforça a percepção de
que o Planalto, com a crise política
que se seguiu à divulgação do caso
Waldomiro Diniz, perdeu ainda
mais da já escassa capacidade de articulação que tem demonstrado desde
o início do governo.
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