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BUSH E A ESPANHA
O triunfo dos socialistas na
Espanha traz conseqüências
ambíguas para o presidente dos
EUA, George W. Bush. De um lado,
a Casa Branca marcou pontos ao ver
confirmados seus mais sombrios
prognósticos acerca do terrorismo
islâmico. De outro, Bush perde, com
a derrota do Partido Popular (PP) de
José María Aznar, um de seus mais
fiéis aliados na invasão do Iraque.
No cômputo geral, o resultado tende a ser mais negativo do que positivo para Washington. O futuro premiê, José Luis Rodríguez Zapatero,
do PSOE (Partido Socialista Operário
Espanhol), já anunciou sua disposição de retirar os 1.300 homens que
Madri mantém no Iraque. Disse que
considera a participação da Espanha
na operação bélica que depôs Saddam Hussein "um erro" e que as tropas ibéricas só permanecerão na hipótese de as Nações Unidas assumirem o comando das forças multinacionais no Iraque.
É verdade que os 1.300 soldados espanhóis não representam muito em
termos estritamente militares. Eles
são apenas 1% das forças estrangeiras no Iraque. Mesmo assim, é grande o impacto simbólico da retirada,
que tende ainda a ser reforçado pela
idéia -já disseminada- de que os
países que mais se aproximaram de
Bush, como Reino Unido e Itália,
correm maior risco de atentados.
É bastante possível, portanto, que,
no plano internacional, cresçam as
reservas em relação às políticas dos
EUA. Apesar desse revés, no plano
doméstico, sobretudo na propaganda eleitoral, Bush deverá usar os
atentados de Madri como uma prova
de que o terrorismo segue ativo e precisa ser combatido por todos os
meios. O vice-presidente, Dick Cheney, já andou afirmando que este é
um momento de insegurança global
e que situações como essa não são
propícias à troca de liderança.
É cedo para dizer se o eleitor vai
aceitar esse discurso ou se, como é
mais freqüente, votará com os olhos
voltados para a economia americana, não para a geopolítica global.
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