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CERCO A JERICÓ
A incursão do Exército israelense em uma prisão palestina
complica as já azedas relações entre
o governo do premiê Ehud Olmert e
a Autoridade Nacional Palestina
(ANP). A operação militar foi deflagrada para a captura de prisioneiros
palestinos sob a custódia da ANP.
Eles são acusados de participação no
assassinato de um ministro israelense há cinco anos. Eram mantidos sob
guarda palestina com base num
acordo pelo qual a vigilância dos presos era avalizada por observadores
britânicos e norte-americanos.
A situação começou a deteriorar-se
depois do pleito legislativo palestino.
Um dos presos, Ahmed Saadat, da
FPLP (Frente Popular para a Libertação da Palestina), foi eleito deputado.
O grupo terrorista Hamas, que fez a
maioria do Parlamento, vinha pressionando a ANP por sua libertação.
A segurança na prisão se deteriorava. Após informar a ANP várias vezes
da precariedade com que atuavam,
os monitores decidiram retirar-se,
abrindo as portas para a ação israelense. Três palestinos morreram na
operação. Os seis prisioneiros que
motivaram a ação foram transferidos
para Israel. Em represália à retirada
dos observadores internacionais,
grupos palestinos seqüestraram estrangeiros, todos já libertados.
O "timing" da operação não poderia ter sido mais oportuno para o premiê Olmert, que pôde exibir-se como um líder firme e decidido às vésperas do pleito legislativo israelense,
marcado para o próximo dia 28.
O cerco a Jericó dá a medida do impasse político na região. A vitória do
Hamas não levou o grupo a reconhecer Israel, como esperavam os otimistas. Serviu, entretanto, para enfraquecer mais o presidente da ANP,
Mahmoud Abbas, cujo papel hoje se
limita a reclamar de todos. Nesse vácuo, Israel segue com suas ações unilaterais. A meta parece ser a de definir por conta própria fronteiras que
considere seguras, fechá-las e abandonar os palestinos à própria sorte.
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