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CLÓVIS ROSSI
Notícias da eleição
SÃO PAULO - O real cenário político-eleitoral brasileiro não está definido
pela manchete desta Folha ontem
("Alckmin será o candidato do
PSDB"), mas pela combinação dessa
notícia com a história das armas roubadas do Exército.
Da primeira notícia decorre que os
dois principais candidatos presidenciais (o presidente Lula e o governador Alckmin) farão uma disputa
morna, em que o máximo que se pode esperar é "más de lo mismo".
A menos, é claro, que o candidato
do PMDB, se houver e seja qual for,
consiga romper a tradição de o partido minguar ou sumir nas presidenciais e/ou a menos que a esquerda
(Heloísa Helena) consiga sair do papel de mera testemunha.
Já a segunda notícia informa para
onde foi -e continua indo- a insatisfação do brasileiro com a precariedade da vida para a vastíssima camada que habita o andar de baixo.
Não vai para um "chavismo" que
inexiste ou para os braços de um Evo
Morales tupiniquim, em vez de aymará. Vai para o crime organizado.
Em vez de disputar eleição para
ocupar o Estado, expulsou o Estado
de porções do território nacional que
ninguém sabe quantificar. E criou
uma força de ocupação própria capaz de tomar armas do Exército e
mantê-las protegidas por quase duas
semanas, apesar do dispositivo militar empregado para recuperá-las.
Mesmo que se tome como válida a
palavra do Exército de que não houve negociação com o tráfico, é uma
baita "façanha", como aliás o próprio presidente Lula a qualificou.
O crime organizado é o partido político radical que não estará nas urnas de outubro. Tem, como qualquer
partido, e mais até do que a maioria,
um grande número de militantes, um
grande número de simpatizantes, um
grande número de empregados e, os
que não são nem uma coisa nem a
outra nem a outra, emulam a atividade: é o crime desorganizado, abundante em todo o país.
Enquanto o cenário decorrente da
primeira notícia não conseguir se impor sobre a segunda, não há chance
de que emerja um país decente.
@ - crossi@uol.com.br
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