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CÂMBIO E INVESTIMENTOS
A cotação do dólar fechou ontem no valor mais baixo desde
2 de setembro. Da ótica da inflação, é
um alívio. Mas outros aspectos precisam ser levados em conta na avaliação dos impactos da queda do dólar.
A queda rápida do dólar pode ser
sinal de que a taxa de juros está alta
demais. Em seu nível atual de 26,5%
ao ano, mais de 20 vezes superior ao
dos EUA (1,25% a.a.), os juros básicos brasileiros ensejam ganhos comparativamente muito expressivos.
Ademais, como a aversão ao risco
dos investidores internacionais vem
caindo -conforme denota a redução do risco-país do conjunto dos
emergentes-, o poder de atração de
capitais de curto prazo dos juros altíssimos praticados pelo Banco Central se revela cada vez mais forte. Logo, mantidos em seu nível atual os
juros poderão contribuir para que a
queda do dólar se aprofunde bastante nas próximas semanas.
Há relativo consenso de que, caso o
dólar entre novamente em alta -hipótese que não pode ser descartada-, as autoridades deveriam buscar conter sua cotação, em nome do
controle da inflação. Cabe questionar se a política econômica não deveria intervir também na hipótese
oposta, de que a revalorização do real
se aprofunde de modo abrupto.
Dois aspectos sugerem que uma
queda progressiva e rápida do dólar
deveria ser evitada. Primeiro, ela prejudicaria a perspectiva de aumento
do superávit na balança comercial -
fundamental para reduzir a vulnerabilidade das contas externas. A recente revalorização do real já levou o
mercado a reduzir sua projeção para
o saldo comercial deste ano.
Ao lado disso, num quadro em que
o custo do crédito (que é muito superior aos juros básicos, situando-se
perto de 50%) já inibe os investimentos de maneira geral, permitir que
haja muita incerteza quanto às perspectivas do câmbio tende a inibir em
especial os investimentos voltados à
exportação ou à substituição de importações. Isso significa solapar as
bases para sustentar um superávit
comercial alto nos próximos anos.
Não parece prudente.
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