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DE VOLTA ÀS URNAS
Daqui a onze dias, os argentinos vão às urnas para decidir
quem será o seu próximo presidente.
Apesar de haver extrema incerteza
nas previsões acerca de quem serão
os dois qualificados para o turno final, pode-se dizer que o ambiente
em que o pleito se dará é bem menos
tenso do que era há alguns meses.
Eduardo Duhalde, que ascendeu ao
governo num momento extremamente grave da crise -após a renúncia de Adolfo Rodrigues Saá, sete
dias após este ter assumido a vaga
deixada por De la Rúa-, conseguiu
equilibrar-se politicamente.
Embora o PIB do país vizinho no
ano passado tenha declinado 12%
em relação a 2001, o desemprego e o
desamparo social tenham atingido
patamares recordes e impensáveis
para uma nação com a história da Argentina, a sensação geral é a de que já
aconteceram as piores consequências da crise financeira deflagrada
com a ruína da política econômica
lastreada na paridade com o dólar.
Nada menos que 19 candidatos
concorrem à Presidência. A crer nas
pesquisas, os que têm mais chances
de eleger-se são os três do Partido
Justicialista -Carlos Menem, Néstor Kirchner e Adolfo Rodríguez
Saá- e a deputada Eliza Carrió (de
um pequeno partido dissidente da
União Cívica Radical).
Do ponto de vista do governo brasileiro, que deseja reerguer o Mercosul, a hipótese da eleição do ex-presidente Menem é a que inspira maior
preocupação, embora, por razões
óbvias, Brasília não possa manifestá-la publicamente. O menemismo cunhou a expressão "relações carnais"
para designar o seu desejo de aproximar-se preferencialmente dos EUA.
A despeito de quem seja o vencedor, a volta da Argentina ao caminho
da normalidade eleitoral, superando
acontecimentos que pareciam encaminhar o país para uma conflagração civil, é um fato louvável. Essa é
uma vitória da sociedade argentina
com repercussões positivas para a
continuidade e o aprofundamento
da democracia na América do Sul.
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