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São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2003

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DE VOLTA ÀS URNAS

Daqui a onze dias, os argentinos vão às urnas para decidir quem será o seu próximo presidente. Apesar de haver extrema incerteza nas previsões acerca de quem serão os dois qualificados para o turno final, pode-se dizer que o ambiente em que o pleito se dará é bem menos tenso do que era há alguns meses.
Eduardo Duhalde, que ascendeu ao governo num momento extremamente grave da crise -após a renúncia de Adolfo Rodrigues Saá, sete dias após este ter assumido a vaga deixada por De la Rúa-, conseguiu equilibrar-se politicamente.
Embora o PIB do país vizinho no ano passado tenha declinado 12% em relação a 2001, o desemprego e o desamparo social tenham atingido patamares recordes e impensáveis para uma nação com a história da Argentina, a sensação geral é a de que já aconteceram as piores consequências da crise financeira deflagrada com a ruína da política econômica lastreada na paridade com o dólar.
Nada menos que 19 candidatos concorrem à Presidência. A crer nas pesquisas, os que têm mais chances de eleger-se são os três do Partido Justicialista -Carlos Menem, Néstor Kirchner e Adolfo Rodríguez Saá- e a deputada Eliza Carrió (de um pequeno partido dissidente da União Cívica Radical).
Do ponto de vista do governo brasileiro, que deseja reerguer o Mercosul, a hipótese da eleição do ex-presidente Menem é a que inspira maior preocupação, embora, por razões óbvias, Brasília não possa manifestá-la publicamente. O menemismo cunhou a expressão "relações carnais" para designar o seu desejo de aproximar-se preferencialmente dos EUA.
A despeito de quem seja o vencedor, a volta da Argentina ao caminho da normalidade eleitoral, superando acontecimentos que pareciam encaminhar o país para uma conflagração civil, é um fato louvável. Essa é uma vitória da sociedade argentina com repercussões positivas para a continuidade e o aprofundamento da democracia na América do Sul.


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