São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 2002

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VALDO CRUZ

A vez de Ciro?

BRASÍLIA - Não foi só a disparada de Lula e a queda de José Serra na pesquisa Datafolha que causaram tensão entre os tucanos. O discreto crescimento de Ciro Gomes também preocupa os governistas.
O principal temor é que o candidato da Frente Trabalhista (PPS-PDT-PTB) continue crescendo nas próximas pesquisas e acabe ultrapassando Serra pouco antes de começar o horário eleitoral gratuito.
Entre os adversários do tucano, isso é dado como certo. Principalmente no mundo pefelista. Em junho, Ciro terá o programa de TV dos três partidos de sua aliança. Será uma exposição e tanto, que deve manter a sua trajetória ascendente nas pesquisas. Acentuá-la, por sinal.
Serra, por seu lado, enfrenta um momento ruim, que não dá sinais de arrefecimento. Até agora, nada se provou contra ele com relação a acusações envolvendo seu ex-caixa de campanha, Ricardo Sérgio de Oliveira. Mas elas continuam pipocando, o que afeta a sua campanha.
O governo FHC, seu cabo eleitoral, também vive uma maré ruim. Foi obrigado a anunciar medidas impopulares, como o corte de gastos, e não está conseguindo fazer a economia crescer como sonhava.
A persistirem esses movimentos, Serra pode cair mais nas pesquisas. Se Ciro subir, como apostam os pefelistas e até gente de dentro do PSDB, a polarização da campanha pode mudar. Sai o tucano, entra Ciro como adversário de Lula.
Estaria aberto o caminho da traição no ninho tucano.
Mas nem tudo foi notícia ruim para Serra na pesquisa Datafolha. Os desempenhos raquíticos de Aécio Neves e de Tasso Jereissati praticamente sepultam as chances de virem a ocupar o lugar do ex-ministro da Saúde.
A fraca performance dos dois já era esperada, já que eles não estão tendo a mesma exposição do senador. Mas o pretexto está dado. Serra é o candidato. Para ganhar ou para perder.
Bom, mas tudo isso, como dirá o tucanato, é retrato do momento. O risco é o momento se perpetuar.



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