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CARLOS HEITOR CONY
O custo da imagem
RIO DE JANEIRO - Li nos jornais que o marqueteiro contratado pelo PT
para a campanha de Lula despejou
no Nordeste brasileiro dois aviões recheados de complicados equipamentos eletrônicos de última geração.
Nada de novo no atual cenário eleitoral. Todos os candidatos estão burilando aquilo que chamam de ""imagem". Os programas gratuitos na TV
serão decisivos para ungir o vitorioso.
O povo não escolherá um programa,
uma forma de governo, e sim uma
imagem produzida por especialistas
nesse tipo de coisa.
Pode-se lamentar que assim o seja
-a imagem valendo mais do que a
realidade. Mas a regra pelo menos é
igual para todos, sendo que uns são
mais iguais do que outros, daí que a
campanha eleitoral, não apenas no
Brasil mas em todos os países democráticos, transformou-se numa corrida de Fórmula 1, em que ganha o carro mais bem produzido.
O PT seria uma exceção à regra.
Três eleições malsucedidas ensinaram ao partido que não adianta dar
murro em ponta de faca. É aceitar o
jogo e tentar vencê-lo com os recursos
lícitos ou ilícitos que estão à disposição dos concorrentes.
Não vem ao caso discutir orçamentos, quantificar contribuições e gastos. A Justiça Eleitoral receberá, como
sempre, uma prestação de contas
pasteurizada, embora ninguém acredite nelas.
Não sei não. Continuo achando
que a democracia, a menos pior forma de governo, tem em sua estrutura
operacional um vício que a mutila,
um espinho que a fere em sua substância ideológica.
A sociedade será sempre governada
pelas armas ou pelo dinheiro? Não
haveria um caminho que a libertasse
da tirania dos ditadores e da hegemonia do capital?
Lembro a primeira campanha de
Lula, quando o partido vendia camisetas com a estrela do PT para angariar fundos. Não votei em Lula, mas
comprei duas camisetas para dar
uma força.
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