|
Próximo Texto | Índice
A NOVA BASE
Dado o seu histórico, o PMDB
até que resistiu bastante ao assédio para integrar a base que dá sustentação ao governo do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva -já se vão
quase seis meses desde o pleito que
definiu qual seria o sucessor de Fernando Henrique Cardoso.
Uma acidentada negociação entre
o Planalto e o partido transcorreu até
que a novela chegasse a seu desfecho. Lula logrou ampliar a sua coalizão parlamentar com a presença da
grande maioria dos peemedebistas.
Com isso, abre-se uma nova porta
para que deputados e senadores de
legendas hoje na oposição, beneficiando-se de um erro lamentável da
legislação, abriguem-se à sombra
mais generosa do governismo.
Para os objetivos parlamentares
que o governo persegue, a adesão do
PMDB é valiosa. As propostas de reforma previdenciária e tributária, no
Congresso, necessitarão do endosso
-a dar-se em dois turnos em cada
uma das Casas legislativas- de três
em cada cinco (60%) congressistas.
As contas, agora, melhoraram para
Lula. O presidente deverá ter ascendência sobre uma bancada de 325 deputados (64%) e 53 senadores (66%).
Os senões da atração do PMDB são
de duas ordens. Em primeiro lugar,
por mais que haja a decisão maciça
de compor a base lulista, o PMDB
continua a ser, dentre as grandes legendas brasileiras, a de caráter mais
fragmentário. Está longe de ser um
partido político na acepção clássica
do termo. Trata-se de uma agremiação heterogênea de caciques regionais que pouco se presta a discussões
substantivas sobre políticas públicas. Funciona como um "exército
parlamentar de reserva", sempre disposto a renegociar, no varejo, os termos de sua adesão ao governismo.
Essa característica demandou muito
"jogo de cintura" do governo FHC e
pode voltar a manifestar-se, principalmente se e quando a popularidade de Lula arrefecer.
O outro efeito colateral da presença
do PMDB na base é que ela representa um aumento inevitável do grau de
fisiologismo na coalizão governista.
Não será surpresa -mas será lamentável- se o profundo revisionismo por que passa a cartilha petista
vier a tocar, num futuro próximo, a
imagem que muitos ainda preservam do PT: a de manter-se como
uma espécie de paladino da ética na
política brasileira.
Próximo Texto: Editoriais: TABACO E ÁLCOOL Índice
|