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TABACO E ÁLCOOL
Depois do fiasco que foi a liberação da propaganda de cigarros no GP Brasil de Fórmula 1, o governo, mais especificamente o Ministério da Saúde, no que parece ser
uma tentativa de redimir-se, agora
propõe mudanças na legislação que
disciplina a publicidade do tabaco e
do álcool. As alterações sugeridas caminham no sentido de limitar a propaganda, bem como o acesso de jovens a esses produtos.
Um dos pontos que se afiguram
como mais controversos é a proibição de veicular comerciais de todas
as bebidas alcoólicas antes das 22h.
Se aprovado, o mecanismo deverá
afetar bastante o mercado de anúncios de cervejas, que tem sólida presença no horário nobre da TV.
O lobby cervejeiro é forte no Congresso Nacional. Já conseguiu que a
lei 9.294/96, contrariando os mais
elementares princípios do bom senso e da farmacologia, não considerasse alcoólicas as bebidas com teor
inferior a 13 graus Gay-Lussac. Para
efeitos de publicidade, portanto, a
cerveja pode hoje ser anunciada sem
restrições, no limite até em programas infantis. As propostas do Ministério da Saúde visam a corrigir essa
situação quase surrealista.
Em relação aos cigarros, a proposta mais polêmica proíbe a venda de
derivados do tabaco em estabelecimentos que ofereçam livre trânsito a
menores de 18 anos. Isso significa
que a comercialização ficaria restrita
a tabacarias, bares e boates.
Em que pese o caráter controvertido e até antipático de algumas das
medidas propostas, elas seguem
uma orientação correta em termos
de saúde pública. Não se cogita de
banir ou de tornar ilegal o álcool e o
tabaco, mas apenas cuidar para não
incentivar de forma até enganosa a
população jovem a consumi-los.
Embora a publicidade os associe a
glamour e sucesso, eles são em termos técnicos drogas psicoativas,
exatamente como a maconha ou a
cocaína. O fato de cigarros e bebidas
serem legais e aceitos socialmente
não os torna menos perigosos. Os
jovens certamente não precisam de
incentivos para utilizá-los.
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