São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 2011 |
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RICARDO YOUNG Esquecemos dos bancos? O mundo debate a questão das novas energias, o controle das emissões, a questão da água, a explosão demográfica nas cidades, inovação tecnológica, biodiversidade, produção sustentável, consumo consciente... e onde está o debate sobre o papel das finanças internacionais? Sem o firme engajamento dos bancos, seguradoras e fundos de pensão, os projetos de transição para uma economia verde e menos desigual simplesmente não ocorrerão. Em 2003, dez dos maiores bancos internacionais, responsáveis por 30% dos investimentos em todo mundo, lançaram os Princípios do Equador, critérios socioambientais mínimos para concessão de crédito e financiamento. Em maio de 2008, ano em que os princípios completaram cinco anos, os bancos signatários estabeleceram medidas adicionais para melhorar ainda mais a governança e a transparência na aplicação dos critérios. No entanto, em setembro de 2008 veio a crise que alterou a correlação de forças entre os bancos internacionais. Alguns faliram e outros foram incorporados. Quase todos precisaram -e receberam- ajuda dos governos para não sumirem de vez. A operação de resgate custou alguns trilhões de dólares. Desde então, algumas perguntas não querem calar: as diretrizes socioambientais foram de fato adotadas? E agora, no esforço de recuperação da crise, qual seria o papel destas diretrizes? Houve adiamento destes compromissos? A verdade é que, embora muito se tenha falado sobre regras mais rígidas de controle de capital, isso não aconteceu. Os ajustes feitos em 2009 no acordo de Basileia 2 foram cosméticos. E, ao que parece, os bancos continuam relutantes em financiar a nova economia que pode iniciar um novo ciclo de prosperidade e justiça social. Os 2% do PIB mundial anual estimado pela ONU para financiar a transição da economia verde até 2030 não é maior daquele usado para salvar o sistema financeiro internacional e que produziu como consequência um cenário de recessão e desemprego nos EUA e Europa, que ameaça também os emergentes. Não seria a hora deste mesmo sistema assumir a sua responsabilidade e buscar ser o protagonista das iniciativas de recuperação da economia? Promover o "Global New Green Deal" [projeto da ONU para uma economia verde e sustentável] como uma das possíveis soluções para a crise financeira, ambiental e social que o mundo vive? Precisamos que o sistema financeiro vá muito além do convencional. Não é hora de estar em conformidade relutante com as regras vigentes. Há que se ousar, ir além, fazer desta crise a oportunidade para investir no futuro que a humanidade precisa. RICARDO YOUNG escreve às segundas-feiras nesta coluna. Texto Anterior: Rio de Janeiro - Ruy Castro: Estrelas cadentes Próximo Texto: TENDÊNCIAS/DEBATES Gilberto Kassab: PSD: participar, construir e avançar Índice | Comunicar Erros |
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