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BOLSA PARA OS GRANDES
A Bolsa de Valores de São Paulo
(Bovespa) está se esvaziando. E
isso a despeito de esforços pontuais
na esfera governamental, como, por
exemplo, o projeto que altera a lei das
sociedades anônimas. O processo de
concentração internacional de Bolsas de Valores parece irreversível. Assim, a Bovespa busca seu espaço por
meio de iniciativas como a Bolsa
Global, associação de Bolsas de dez
países que negociará os 20 melhores
papéis de cada país.
A iniciativa é importante. Mas dois
problemas fundamentais não são
atacados em propostas como essa.
Primeiro, o país precisa fortalecer o
financiamento em moeda nacional.
A captação externa costuma ser preferida por conta das taxas de juros,
que são muito mais baixas no exterior. Além disso, a necessidade de financiamento dos déficits do balanço
de pagamentos faz com que o governo federal muitas vezes crie condições favoráveis a essas operações,
tais como a venda de títulos públicos
lastreados em dólar.
Entretanto, como as empresas captadoras em geral não estão voltadas
para exportações, tempos depois o
país terá dificuldades para obter as
divisas externas para cumprir com
seus compromissos, o que contribui
para piorar ainda mais a dependência da entrada de novos capitais internacionais. Dependência essa que
foi agravada com a grande participação do capital estrangeiro nos serviços de infra-estrutura.
Para atacar esse círculo vicioso, é
preciso reforçar as formas de financiamentos em reais. E, nesse item,
pensar numa tributação menos onerosa para os investidores é um bom
caminho, embora a grande solução
seja mesmo criar condições para baixar os juros.
Segundo, é preciso criar alternativas para fortalecer um mercado de
capitais que inclua companhias de
menor porte. Não tendo acesso ao financiamento externo, essa empresas
precisam de canais que facilitem a
obtenção de recursos internamente.
A ainda incipiente idéia de uma
bolsa para empresas de tecnologia é
uma das proposta que caminham
nesse sentido. A maior participação
de empresas médias poderá contribuir para aumentar a liquidez no
mercado brasileiro de capitais, fortalencendo-as e reforçando sua capacidade de financiamento.
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