São Paulo, sexta-feira, 16 de junho de 2000


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BOLSA PARA OS GRANDES

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) está se esvaziando. E isso a despeito de esforços pontuais na esfera governamental, como, por exemplo, o projeto que altera a lei das sociedades anônimas. O processo de concentração internacional de Bolsas de Valores parece irreversível. Assim, a Bovespa busca seu espaço por meio de iniciativas como a Bolsa Global, associação de Bolsas de dez países que negociará os 20 melhores papéis de cada país.
A iniciativa é importante. Mas dois problemas fundamentais não são atacados em propostas como essa.
Primeiro, o país precisa fortalecer o financiamento em moeda nacional. A captação externa costuma ser preferida por conta das taxas de juros, que são muito mais baixas no exterior. Além disso, a necessidade de financiamento dos déficits do balanço de pagamentos faz com que o governo federal muitas vezes crie condições favoráveis a essas operações, tais como a venda de títulos públicos lastreados em dólar.
Entretanto, como as empresas captadoras em geral não estão voltadas para exportações, tempos depois o país terá dificuldades para obter as divisas externas para cumprir com seus compromissos, o que contribui para piorar ainda mais a dependência da entrada de novos capitais internacionais. Dependência essa que foi agravada com a grande participação do capital estrangeiro nos serviços de infra-estrutura.
Para atacar esse círculo vicioso, é preciso reforçar as formas de financiamentos em reais. E, nesse item, pensar numa tributação menos onerosa para os investidores é um bom caminho, embora a grande solução seja mesmo criar condições para baixar os juros.
Segundo, é preciso criar alternativas para fortalecer um mercado de capitais que inclua companhias de menor porte. Não tendo acesso ao financiamento externo, essa empresas precisam de canais que facilitem a obtenção de recursos internamente.
A ainda incipiente idéia de uma bolsa para empresas de tecnologia é uma das proposta que caminham nesse sentido. A maior participação de empresas médias poderá contribuir para aumentar a liquidez no mercado brasileiro de capitais, fortalencendo-as e reforçando sua capacidade de financiamento.



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