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PÉSSIMA TRADIÇÃO
Complica-se a situação do senador Luiz Estevão (PMDB-DF). O Conselho de Ética e Decoro
Parlamentar da Casa decidiu, por 11 a
3, recomendar a cassação do parlamentar, que está mergulhado no
oceano de irregularidades que cerca
a construção da sede do Tribunal Regional do Trabalho paulistano. O
processo segue agora para a Comissão de Constituição e Justiça e depois
para o plenário. As chances de permanência de Luiz Estevão no cargo
são dadas como remotas.
A confirmar-se a cassação, será a
primeira vez que o Senado expulsa
um de seus membros. O acúmulo de
provas contra Luiz Estevão, porém,
não deixa alternativa aos parlamentares. Ele precisa ser cassado, processado e, se considerado culpado,
punido pelos crimes que o Poder Judiciário entender que cometeu. Está
em jogo a própria respeitabilidade
do Senado, já maculada pelas inúmeras ocasiões em que os representantes da população colocaram a defesa
corporativa de colegas acima dos interesses da justiça. Apenas no ano
passado, foram negadas 12 permissões que o Supremo Tribunal Federal pediu para processar senadores
acusados de diversos crimes.
O instituto da imunidade parlamentar deveria ser uma proteção ao
cargo e deveria estar restrito aos chamados crimes de opinião. O que se
observa, contudo, é que o princípio
foi deturpado, passando a Câmara
Alta da República a dar abrigo a vários tipos de crimes comuns, incluindo ilícitos como tentativa de homicídio. A outra Casa legislativa ao
menos tem por vezes cassado representantes que amesquinham o decoro parlamentar.
O Senado Federal tem novamente
diante de si a oportunidade de quebrar sua muito lamentável tradição
de impunidade.
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