São Paulo, domingo, 16 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR

Declarações
"O jornalista Clóvis Rossi, convidado do Council on Foreign Relations para um evento em Nova York em 6/6, violou a política de não-atribuição do Council on Foreign Relations, que foi declarada pessoalmente e por escrito a todos os participantes do evento. A política afirma que, "excetuando indicações em contrário, as reuniões do Council não visam à atribuição de informações. Isso significa que os participantes podem usar livremente as informações recebidas nas reuniões, mas a identidade e a filiação (política) dos palestrantes ou de qualquer outro participante não podem ser reveladas nem tampouco se pode citar uma reunião do Council como sendo a fonte da informação". Nossa política de não-atribuição se aplica não apenas às sessões propriamente ditas mas, conforme ditam o bom senso e a tradição, também às conversas informais e particulares mantidas nos corredores e nas salas de reunião do Council on Foreign Relations. Identificar-se como jornalista não constitui um acordo para divulgar quaisquer observações feitas ou ouvidas naquela noite, identificando seus autores, a não ser que a intenção de fazê-lo tenha sido claramente declarada e a autorização para tal, solicitada explicitamente. Simplesmente indicar que é jornalista ou usar um crachá de identificação de jornalista não constituem bases para passar por cima de nossa norma de não-atribuição nem se enquadram em quaisquer critérios jornalísticos existentes ou justificados dos quais eu tenha conhecimento."
Leslie H. Gelb, presidente do Council on Foreign Relations (Nova York, EUA)

Resposta do jornalista Clóvis Rossi - A informação que me foi transmitida limitava-se a vetar, como diz a nota do Council, o uso e a atribuição de informações "recebidas durante as reuniões". Uma conversa particular em um jantar, ou seja, fora da sessão, sobre tema que não dizia respeito à sessão (que tratava do terrorismo), não me pareceu coberta pelo veto, daí ter sido utilizada, levando em conta a importância das afirmações feitas pelo financista George Soros.

Eldorado do Carajás
"Revoltante e irônico o desfecho do julgamento dos acusados no caso de Eldorado do Carajás. Como já dizia Paulo Prado em "Retrato do Brasil", de 1928, "vivemos tristes numa terra radiosa". Outros traços nesse retrato nos fazem pensar no país de hoje: "A Justiça, em contato com os interesses da politicagem, dificilmente resiste ao arbítrio e ao abuso de poder". O diagnóstico de Paulo Prado, feito há mais de 70 anos, parece continuar valendo nos dias de hoje. Afinal, como também nos lembra com ironia involuntária: "O futuro não pode ser pior que o passado". Ele não imaginava o que o futuro nos reservava."
Ricardo Bertini Filho (São Paulo, SP)

Reformas
"Não é de hoje que reformas estruturais se fazem necessárias no Brasil, principalmente no que diz respeito à desumana distribuição de renda. Nas próximas eleições presidenciais, nós, brasileiros, teremos a oportunidade de dar início a essas mudanças. Para a sustentação da democracia, precisamos de partidos políticos fortes e com identidade definida. Infelizmente, não é essa a realidade do país, onde estamos assistindo a alianças partidárias que são verdadeiras saladas -segundo palavras de Boris Casoy. Diante desse quadro, estou indeciso quanto à melhor escolha para a Presidência da República. Serra é competente, mas seria a continuidade ou o continuísmo? Ciro, dado o seu passado político, até onde significaria mudança? Lula e o PT reúnem quadros políticos e condições para governar o país no próximo e difícil quadriênio?" Guaraci Vieira de Almeida (Campo Grande, MS)

Idade penal
"O leitor Fausto de Sá ("Painel do Leitor", 14/6) acerta no principal quando pretende, de certo modo, salvar a idade atual da responsabilidade penal dos 18 anos. Entretanto incide em engano que, infelizmente, é compartilhado por muita gente. Não se pode falar em inimputabilidade do infrator menor de 18 anos. Todos eles entendem a ilicitude penal -e desde muito cedo. Eles são imputáveis, sabem o que fazem. O Código Penal contém o absurdo de colocar o menor de 18 anos na mesma condição do doente mental e do bêbado completo e fortuito. Estes são inimputáveis, mas não o "cavalão do trezoitão". O caminho não está em diminuir a idade, pois seria enviar uma multidão para as desmoralizadas cadeias atuais. O certo é aperfeiçoar o Estatuto da Criança e do Adolescente, que, após 11 anos, está a merecer uma atualização geral." Alyrio Cavallieri, desembargador, ex-juiz de menores (Rio de Janeiro, RJ)

Jogando e deixando jogar
"Espanha (35 infrações) e Brasil (37) foram as equipes que menos cometeram faltas na primeira fase da Copa do Mundo. E foram as únicas que venceram os três jogos. Levaram gols dos adversários, mas conseguiram fazê-los em maior número. Jogaram e deixaram jogar. Não era isso o que os críticos sempre pediam -futebol limpo e ofensivo? No entanto não os vejo agora aproveitarem para dizer que, além de mais bonito, esse futebol pode também ser mais eficiente. Em vez disso -pelo menos no caso do Brasil-, só se ouve a reclamação de defesa fraca." Paulo Roberto Maturano Santoro (São Paulo, SP)

Papel
"A indústria brasileira de celulose e de papel se orgulha de não utilizar uma só árvore nativa para fabricar os seus produtos. A madeira que nossas empresas utilizam provém exclusivamente dos eucaliptos e pinus de florestas industriais plantadas com essa finalidade. Trazemos essas informações a fim de demonstrar que foi incorreta a afirmação do sr. Juan Luís Cebrián, publicada na Folha em 1/5 ("Prisa deve investir em rádio no país", Ilustrada, pág. E6), segundo a qual "não há matéria-prima no mundo para que todos leiam em papel. Acabaria toda a Amazônia. O papel deve ficar restrito a livros de literatura e de poesia". Além de não corresponder à realidade, essa afirmação prejudica sensivelmente a imagem institucional de nosso setor industrial, que gera muitos milhares de empregos e fabrica produtos de qualidade globalmente reconhecida, cuja penetração nos mercados europeu e norte-americano se deve também ao fato de sua produção não agredir o ambiente." Mario Higino N. M. Leonel, diretor-executivo da Associação Brasileira de Celulose e Papel -Bracelpa (São Paulo, SP)

Diversidade
"Apesar de não pertencer ao quadro da magistratura, mas como profissional da educação, endosso e aplaudo as palavras do dr. Marco Aurélio de Mello contidas no artigo "O Brasil lugnagiano" ("Tendências/Debates", pág. A3, 14/6). Abaixo a discriminação! Viva a diversidade e a "melhor idade'!" Hugo Capucci Jr., pedagogo e membro do Conselho Estadual do Idoso do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)



Texto Anterior: As universidades e o desenvolvimento


Próximo Texto: Erramos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.