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SUPERDIRCEU
O ministro José Dirceu, da Casa Civil, é um dos esteios do
governo Luiz Inácio Lula da Silva. É o
principal articulador político da nova
gestão, função para a qual tem demonstrado frieza e pragmatismo.
Talvez por isso mesmo Dirceu vai
concentrando, a cada dia, mais poderes em suas mãos.
No mais recente acréscimo de atribuições, a Casa Civil passou, por decreto, a dispor de todos os postos de
confiança do governo, inclusive
aqueles menores. Isso significa que
Dirceu pode nomear diretamente,
por conta própria, funcionários para
ocupar cargos em ministérios, independentemente da aquiescência do
titular da pasta. Mais ainda: todas as
exonerações necessárias para uma
nova nomeação devem ser previamente submetidas à Casa Civil.
Logicamente o governo argumenta
que as decisões serão tomadas de
forma "solidária e compartilhada",
afirmando que a orientação é para
que as nomeações sejam feitas com o
consentimento dos ministros. Na
prática, contudo, está claro que Dirceu consolidou seu papel de superministro. Além de centralizar o chamado "balcão" -as negociações de
apoios políticos em troca de cargos-, tem assumido, ainda, a função de uniformizar o discurso dos
membros do governo e tentar enquadrar as dissidências.
Administrações devem ter um mínimo de centralização e de controle
sobre suas diversas áreas. Todo governo, também, costuma contar com
um articulador mais visível e poderoso. É preciso saber com quem se fala
para resolver o que precisa ser resolvido. Porém, por mais eficiente que
possa ser o ministro, a impressão é a
de que está centralizando poderes
demais para um homem só. O risco
de que atritos convirjam para a Casa
Civil e criem desgastes não é desprezível. Talvez seja esse o preço a pagar
por um início de administração que
parece conter muito de inoperância,
divergências e contradições.
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