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São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2003

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SUPERDIRCEU

O ministro José Dirceu, da Casa Civil, é um dos esteios do governo Luiz Inácio Lula da Silva. É o principal articulador político da nova gestão, função para a qual tem demonstrado frieza e pragmatismo. Talvez por isso mesmo Dirceu vai concentrando, a cada dia, mais poderes em suas mãos.
No mais recente acréscimo de atribuições, a Casa Civil passou, por decreto, a dispor de todos os postos de confiança do governo, inclusive aqueles menores. Isso significa que Dirceu pode nomear diretamente, por conta própria, funcionários para ocupar cargos em ministérios, independentemente da aquiescência do titular da pasta. Mais ainda: todas as exonerações necessárias para uma nova nomeação devem ser previamente submetidas à Casa Civil.
Logicamente o governo argumenta que as decisões serão tomadas de forma "solidária e compartilhada", afirmando que a orientação é para que as nomeações sejam feitas com o consentimento dos ministros. Na prática, contudo, está claro que Dirceu consolidou seu papel de superministro. Além de centralizar o chamado "balcão" -as negociações de apoios políticos em troca de cargos-, tem assumido, ainda, a função de uniformizar o discurso dos membros do governo e tentar enquadrar as dissidências.
Administrações devem ter um mínimo de centralização e de controle sobre suas diversas áreas. Todo governo, também, costuma contar com um articulador mais visível e poderoso. É preciso saber com quem se fala para resolver o que precisa ser resolvido. Porém, por mais eficiente que possa ser o ministro, a impressão é a de que está centralizando poderes demais para um homem só. O risco de que atritos convirjam para a Casa Civil e criem desgastes não é desprezível. Talvez seja esse o preço a pagar por um início de administração que parece conter muito de inoperância, divergências e contradições.


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