São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2008

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Pequeno passo

O IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), criado pelo governo federal para todos os níveis de ensino registrou, em sua primeira comparação, de 2005 a 2007, discreta mas generalizada melhora. Metas estabelecidas para 2009 já foram cumpridas.
Há razões para comemorar com cautela. Os objetivos fixados para o ano que vem -nota 4,2 para a 4ª série fundamental, 3,7 para a 8ª e 3,5 para a 3ª do ensino médio- são modestos. A meta de longo prazo, no ensino fundamental 1 (até a 4ª série), é chegar à média de países desenvolvidos, 6. Obter respectivamente as notas 4,2, 3,8 e 3,5 não entusiasma.
A metodologia do Ideb é recente e a série, muita curta. Os poucos décimos acrescidos podem muito bem resultar de oscilações estatísticas ou nos critérios. Iniciativas de reforma no ensino demoram anos para maturar.
A má notícia do Ideb está no desempenho pífio do ensino médio, calcanhar-de-aquiles da qualificação da mão-de-obra no país, que já impõe limitações à competitividade da economia. Dez Estados deixaram de cumprir a meta nesse nível de ensino. Sete deles -Alagoas, Amapá, Espírito Santo, Goiás, Pará, Rio de Janeiro e Sergipe- chegaram a registrar recuo no indicador.
Até certo ponto, era previsível essa desigualdade no desenvolvimento do ensino médio. O aumento da cobertura só pode começar pelas classes iniciais; ano após ano, os contingentes incluídos vão passando de série e de nível. Ademais, o total de alunos tende a diminuir nos anos finais, com o acúmulo de evasões. Os efeitos da queda na taxa de fecundidade também demoram a se fazer sentir nas últimas séries.
Se hoje há 2% de crianças de 7 a 14 anos fora da escola, cifra estabilizada há alguns anos, entre jovens de 15 a 17 anos essa parcela se avizinha de um quinto. O ensino fundamental, sob menor pressão demográfica, teve mais tempo para acomodar os alunos incluídos, em geral de camadas pobres da população.
O diminuto avanço no Ideb não autoriza ninguém a baixar a guarda. Se existe algo que não pode aguardar uma melhora vegetativa, no Brasil, é a educação. Nessa matéria, ainda estamos entre os últimos da classe.


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