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CLÓVIS ROSSI
Um outro olhar sobre a crise
SÃO PAULO - O governo argentino oferece outra versão, bem mais positiva, para os movimentos que geraram a mais recente crise com o Brasil
-em torno de eletrodomésticos.
"Trata-se de uma manifestação de
impaciência por discutir a sério o
processo de integração produtiva entre os dois países", diz Martín Redrado, o vice-chanceler argentino que
conquistou mentes e corações no Itamaraty pela maneira como se comporta nas negociações que o Mercosul
(unido) está mantendo.
Trata-se concretamente do seguinte, para ficar no capítulo geladeiras,
coração da presente crise: "Que partes dela a Argentina tem capacidade
competitiva para produzir e que partes ficariam para o Brasil?".
É bom saber que, no encontro que
mantiveram na mais recente cúpula
do bloco (Puerto Iguazú, há duas semanas), o ministro argentino da Economia, Roberto Lavagna, cobrou de
seu colega brasileiro, Luiz Fernando
Furlan, exatamente esse tipo de iniciativa: "Faz um ano que estou esperando essa discussão, muchacho",
disse Lavagna.
Ora, se o próprio Furlan encaminhou, não faz muito, a proposta de
política industrial para o Brasil, integrar o processo produtivo em todo o
bloco sulino seria no mínimo coerente, não é?
É bom notar que essa mesmíssima
idéia foi lançada dias atrás por Roberto Teixeira da Costa, talvez o empresário brasileiro com mais quilometragem rodada nas estradas de estudos internacionais.
Em artigo para o "Correio Braziliense", escreveu Teixeira da Costa
que a solução da crise deveria passar
"pela integração de cadeias produtivas, estabelecimento de cotas, parceria em plantas industriais e implantação de fábricas na Argentina, como
fez a Coteminas" (o grupo têxtil do
vice-presidente José Alencar).
Redrado lembra, com razão, que o
Mercosul está, no momento, envolvido em sete negociações internacionais simultâneas, com divergências
mínimas. É um patrimônio que convém às duas partes integrar mais e
mais, e não desintegrar.
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