São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2004

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CLÓVIS ROSSI

Um outro olhar sobre a crise

SÃO PAULO - O governo argentino oferece outra versão, bem mais positiva, para os movimentos que geraram a mais recente crise com o Brasil -em torno de eletrodomésticos.
"Trata-se de uma manifestação de impaciência por discutir a sério o processo de integração produtiva entre os dois países", diz Martín Redrado, o vice-chanceler argentino que conquistou mentes e corações no Itamaraty pela maneira como se comporta nas negociações que o Mercosul (unido) está mantendo.
Trata-se concretamente do seguinte, para ficar no capítulo geladeiras, coração da presente crise: "Que partes dela a Argentina tem capacidade competitiva para produzir e que partes ficariam para o Brasil?".
É bom saber que, no encontro que mantiveram na mais recente cúpula do bloco (Puerto Iguazú, há duas semanas), o ministro argentino da Economia, Roberto Lavagna, cobrou de seu colega brasileiro, Luiz Fernando Furlan, exatamente esse tipo de iniciativa: "Faz um ano que estou esperando essa discussão, muchacho", disse Lavagna.
Ora, se o próprio Furlan encaminhou, não faz muito, a proposta de política industrial para o Brasil, integrar o processo produtivo em todo o bloco sulino seria no mínimo coerente, não é?
É bom notar que essa mesmíssima idéia foi lançada dias atrás por Roberto Teixeira da Costa, talvez o empresário brasileiro com mais quilometragem rodada nas estradas de estudos internacionais.
Em artigo para o "Correio Braziliense", escreveu Teixeira da Costa que a solução da crise deveria passar "pela integração de cadeias produtivas, estabelecimento de cotas, parceria em plantas industriais e implantação de fábricas na Argentina, como fez a Coteminas" (o grupo têxtil do vice-presidente José Alencar).
Redrado lembra, com razão, que o Mercosul está, no momento, envolvido em sete negociações internacionais simultâneas, com divergências mínimas. É um patrimônio que convém às duas partes integrar mais e mais, e não desintegrar.


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