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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Hora de cidadania
As notícias sobre a vida política
nacional divulgam acusações e
denúncias, gerando perplexidade e a
exigência de averiguação a fim de que
a verdade seja conhecida. Está em curso uma série de comissões de inquérito, depoimentos e incriminações. É
necessário esclarecer, separar o joio
do trigo, aferir responsabilidades e sanar, o quanto antes, o ambiente político do país. Em todo esse procedimento, temos de evitar a precipitação de
acreditar nos noticiários antes das justas avaliações e julgamentos.
Criou-se um clima de desconfiança e
de perda de credibilidade que atinge
governantes sobre os quais se depositava a esperança de reformas e de mudanças indispensáveis para superar os
efeitos negativos do atual sistema econômico,
Diante dessa situação complexa, somos todos convocados a exercer o dever de cidadania, unindo forças e reforçando as bases democráticas em
busca de soluções viáveis para o Brasil.
Não é tempo para competições partidárias nem para lamentações diante
do infortúnio causado pela má administração. Está em questão o bem do
povo, o que requer capacidade de enfrentar as dificuldades, humildade de
corrigir erros e desvios e coragem para
salvaguardar os valores indispensáveis à construção da sociedade justa e
solidária.
Esperamos que nossos governantes
saibam manter a serenidade e cumprir a obrigação de apurar os fatos referentes à corrupção, identificar os
responsáveis, aplicar as leis que exigem sua punição e promover o ressarcimento das verbas destinadas às reformas sociais.
O mais importante, no entanto, é a
lucidez e a decisão de mudanças no
sistema político do Brasil. A prioridade insubstituível é a da dignidade da
pessoa que deve presidir a organização do Estado. Segue-se a urgência de
respeitar os princípios éticos e de submeter a eles as opções econômicas. Isso implica a determinação de executar
reformas imediatas que assegurem a
milhões de brasileiros o acesso à terra,
à moradia, ao trabalho com salário
justo e às demais condições de vida
digna.
A articulação dessas metas não pode
tardar para que nosso povo acredite
ainda na seriedade e na competência
dos governantes e mantenha a esperança. É momento da cooperação dos
movimentos populares e das formas
de participação da sociedade organizada. O Congresso há de convocar
seus líderes para uma ação conjunta
na elaboração de medidas que apressem as políticas públicas tão aguardadas pelo povo. Entre elas encontra-se
a necessidade de rever o custo da energia elétrica, do gás de cozinha e dos remédios. Há uma desproporção crescente entre o salário e os gastos familiares. Por que não promover, de modo pacífico e progressivo, a partir dos
municípios, a reforma agrária e agrícola que poderá beneficiar de quatro
milhões a cinco milhões de famílias?
A execução dessas decisões implica
a atuação integrada e imediata entre a
União, os Estados e os municípios
com a elaboração de programas de
emergência. Temos de oferecer ao
mundo a prova de nossa maturidade
política. A fase histórica que vivemos
requer patriotismo e exercício pleno
da cidadania.
No entanto precisamos, para isso,
renunciar a pretensões políticas e vantagens econômicas abusivas de pessoas e grupos, retificar as intenções e
recorrer, com humildade e confiança,
a Deus para que nos ensine os caminhos da justiça, da concórdia e da paz.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
@ - almendes@feop.com.br
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