|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
KENNETH MAXWELL
Imprudências da imprensa
A IMPRENSA se tornou assunto importante. No Reino
Unido, o "Guardian" saiu ao
ataque, alegando que o "News of
the World" estava investigando de
maneira inescrupulosa astros do
esporte e outras celebridades.
As manchetes que o "News of the
World" trazia em uma edição desta
semana bastam para mostrar o
problema: "Os Beckham: veja fotos
das férias de Posh e Becks". Abaixo,
a revelação de que a irmã de Michael Jackson acredita que ele foi
assassinado. Depois, "Topless: foto
do terceiro mamilo de Lily Allen".
Mas a acusação mais séria do
"Guardian" era que o "News of the
World" não havia deixado de lado
suas operações de pirataria telefônica e de obtenção de informações
sob falsos pretextos. E tampouco
havia deixado de utilizar investigadores particulares para obter acesso ilegal a dados pessoais como registros tributários, extratos bancários e contas telefônicas detalhadas de ministros, parlamentares,
atores e figuras do esporte.
A história se estende a Nova
York. O "News of the World" é controlado pela News International.,
de Rupert Murdoch, que controla o
"Wall Street Journal" e o "New
York Post". Executivos do império
mundial de mídia vêm sendo intercambiáveis. Les Hinton, por exemplo, ex-presidente do conselho da
News International, agora trabalha
em Nova York como presidente-executivo da Dow Jones, a controladora do "Wall Street Journal".
As acusações do "Guardian" tem
implicações políticas. O líder do
Partido Conservador, David Cameron, alardeado como futuro primeiro-ministro britânico pela revista do "New York Times", contratou o executivo Alan Coulson,
antigo editor do "News of the
World". Coulson deixou o jornal
em 2007 depois de revelações sobre as técnicas de reportagem escusas utilizadas entre 2003 e 2007.
O "editor de assuntos da realeza", Clive Goodman, e o investigador particular Glenn Mulcaire foram detidos e condenados à prisão
por escutas ilegais em telefones de
membros da família real. O "Guardian" acusa o News Group Newspapers, subsidiária da News International que publica o "News of the
World", de ter pago US$ 1,6 milhão
em um recente acordo extrajudicial para encerrar processos movidos por pessoas contra as quais
praticou espionagem.
O jornal "Washington Post"
também sofreu embaraços. Planejava realizar "saraus" na casa da diretora editorial Katherine Weymouth. Por US$ 25 mil, profissionais de lobby e executivos receberam a promessa de acesso privilegiado a membros do governo Obama, do Congresso e a repórteres da
publicação. Quando a oferta chegou ao conhecimento do público, o
jornal rapidamente recuou.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Coisas Próximo Texto: Frases
Índice
|