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São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2003

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LONGA OCUPAÇÃO

Seria um rematado exagero afirmar que o Iraque hoje representa um novo Vietnã para os EUA, mas é forçoso reconhecer que a situação das tropas norte-americanas no pós-guerra não é das mais confortáveis. Soldados dos EUA tornaram-se alvo de ataques quase diários por parte de iraquianos descontentes com a ocupação.
Desde que as hostilidades foram oficialmente encerradas, em 1º de maio, morreram no Iraque mais de 130 militares norte-americanos (ao menos 60 deles em ataques), já praticamente igualando as baixas verificadas na guerra, que chegaram a 136.
Como é natural, essa situação gera desgaste para o governo norte-americano. Já surgiu nos EUA um movimento organizado por familiares de soldados que exigem seu retorno. O ambiente pouco favorável ao presidente George W. Bush é ainda reforçado pelas notícias de que a Casa Branca deliberadamente faltou com a verdade para tentar fazer crer que o Iraque representava uma ameaça global iminente.
É verdade que a operação que resultou na morte dos dois filhos de Saddam Hussein, Uday e Qusay, trouxe um certo alívio para Bush. Ele pôde anunciar que os EUA faziam progressos em sua luta contra o terror. Mas a tendência é a de que esse sucesso seja obnubilado por novas más notícias que fatalmente chegarão.
No melhor cenário para a Casa Branca, as forças de ocupação irão paulatinamente transferir poderes para um embrião de governo iraquiano. O problema é que esse processo não deverá estar concluído num horizonte muito próximo.
Do Iraque, portanto, Bush deve esperar proximamente mais problemas do que triunfos. Para tentar garantir sua reeleição, o presidente precisará começar a produzir boas notícias no front interno, especialmente na área econômica.


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