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LONGA OCUPAÇÃO
Seria um rematado exagero
afirmar que o Iraque hoje representa um novo Vietnã para os EUA,
mas é forçoso reconhecer que a situação das tropas norte-americanas
no pós-guerra não é das mais confortáveis. Soldados dos EUA tornaram-se alvo de ataques quase diários
por parte de iraquianos descontentes
com a ocupação.
Desde que as hostilidades foram
oficialmente encerradas, em 1º de
maio, morreram no Iraque mais de
130 militares norte-americanos (ao
menos 60 deles em ataques), já praticamente igualando as baixas verificadas na guerra, que chegaram a 136.
Como é natural, essa situação gera
desgaste para o governo norte-americano. Já surgiu nos EUA um movimento organizado por familiares de
soldados que exigem seu retorno. O
ambiente pouco favorável ao presidente George W. Bush é ainda reforçado pelas notícias de que a Casa
Branca deliberadamente faltou com
a verdade para tentar fazer crer que o
Iraque representava uma ameaça
global iminente.
É verdade que a operação que resultou na morte dos dois filhos de Saddam Hussein, Uday e Qusay, trouxe
um certo alívio para Bush. Ele pôde
anunciar que os EUA faziam progressos em sua luta contra o terror.
Mas a tendência é a de que esse sucesso seja obnubilado por novas más
notícias que fatalmente chegarão.
No melhor cenário para a Casa
Branca, as forças de ocupação irão
paulatinamente transferir poderes
para um embrião de governo iraquiano. O problema é que esse processo não deverá estar concluído
num horizonte muito próximo.
Do Iraque, portanto, Bush deve esperar proximamente mais problemas do que triunfos. Para tentar garantir sua reeleição, o presidente precisará começar a produzir boas notícias no front interno, especialmente
na área econômica.
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