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São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2003

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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Nossa Senhora da Glória

Sua festa , marcada para 15 de agosto no calendário litúrgico, celebra-se, no Brasil, no próximo domingo (17/8). Data dos primeiros séculos do cristianismo a convicção de que o corpo da Santa Virgem Maria não sofreu corrupção , mas que, "uma vez vencida a morte, foi levada em corpo e alma à glória celeste, onde refulge à direita de seu Filho, o imortal Rei dos séculos". Assim afirma a Constituição Apostólica do Papa Pio 12 (1950).
A Mãe de Deus permaneceu associada a seu filho, Jesus Cristo, não só no sofrimento e na morte mas no seu triunfo e glorificação.
A razão profunda de ter superado a corrupção após a morte e de sua assunção ao céu encontra-se, pois, na estreita ligação entre o Filho de Deus e sua santa Mãe. Louvar a Deus pela glorificação de Maria é reconhecer que a vitória do Divino Salvador sobre o pecado e a morte se estende a nós também.
O pleno triunfo alcançado por Cristo redunda na gratuita elevação de Maria, sua Mãe, à glória celeste, que é fruto exclusivo do amor de Jesus por sua Mãe. Ao louvarmos a assunção de Maria, longe de enaltecermos isoladamente a Mãe de Jesus, estamos, pelo contrário, afirmando, à luz da fé, o íntimo vínculo de amor que existe entre o Filho e sua Mãe.
As festas de Maria são festas de Jesus Cristo. Assim o entendem os católicos, que, venerando o mistério da assunção da Mãe do Salvador, exaltam a força da vitória e da ressurreição de seu Filho. Cristo veio para nos dar vida plena e, em primeiro lugar, comunica-a àquela que o acolheu como Mãe.
a) A festa da Assunção de Nossa Senhora da Glória renova em nós a certeza da vida eterna e da vitória da misericórdia divina que a preservou de todo pecado. Maria, como criatura e nossa Mãe elevada ao céu, é o protótipo e a esperança de nossa ressurreição, graças aos méritos de Cristo.
b) Cresce a alegria filial ao contemplarmos Maria, após seu sofrimento ao lado de Jesus na cruz, recebendo a plenitude da vida feliz.
c) Essa alegria penetra no mais íntimo do nosso ser, pois acreditamos que, também a nós, Deus nos fará felizes para sempre na Pátria Celeste, reconciliando-nos entre nós e com Ele.
d) Abre-se diante de nós um horizonte de felicidade ao sabermos, pela fé, que nossa existência é destinada a ultrapassar a morte terrena. Essa misteriosa certeza explica a confiança dos mártires durante os tormentos e a paz interior que todos nós devemos ter diante do fato da morte. Aumenta em nós a consolação de quem descobre que não há proporção entre os sofrimentos da vida presente e a promessa dos bens eternos.
e) Nasce a compreensão do valor dos anos da existência terrena que nos cabe ainda viver. Estamos a caminho da felicidade. Para as comunidades cristãs, o mistério da Assunção de Maria intensifica a vontade de fazer o bem ao próximo, de servir na gratuidade e de praticar o perdão recíproco. Antecipamos, assim, nessa vida o que esperamos um dia se realize plenamente.
Louvando a Deus pela graça e glória concedidas a Maria, agradecemos sempre mais as palavras de Jesus, que, confiando-nos como filhos e filhas à sua Mãe querida, assegurou-nos seu afeto e proteção materna nas vicissitudes da vida.
Bendito seja Deus!


Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.


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