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Farsa da politização
Facção criminosa tenta esconder face mafiosa com discurso "político'; público e autoridades não devem cair na armadilha
"A FACÇÃO faz uma
série de tipos de
ataques e depois
vai para o seqüestro, tudo para passar uma nova
imagem de liderança de "oprimidos" dentro do sistema prisional.
Passa a querer ter uma coloração
política para melhorar a imagem." Nessas palavras, ditas ao
jornal "O Globo", o ex-secretário
nacional de Segurança Pública
Walter Maierovitch expressa o
engodo em que o chamado PCC
tenta enredar a opinião pública.
O simulacro de "manifesto"
transmitido, sob coerção, pela
TV a todo o território paulista
nas primeiras horas do domingo
ajudou a disseminar a falsa impressão de que a organização criminosa caminha para a política.
Basta ter acompanhado a leitura
silábica -de alguém que mal
venceu a alfabetização- que um
bandido de capuz faz de texto
plagiado de pareceres jurídicos
para descrer da hipótese.
Acuado pela repressão e o isolamento de seus líderes nos presídios, responsável por uma série
de atentados que atemorizam e
dificultam o cotidiano de milhões de paulistas, o grupo faz
uma bricolagem de discurso "político" -colando pedaços de argumentos utilizados por setores
da sociedade civil- na tentativa
de angariar simpatias no público.
Até o "know how" terrorista de
guerrilhas que migraram da esquerda para o banditismo comum teria sido passado, por
meio de um seqüestrador chileno preso em São Paulo, à organização criminosa. Tudo na tentativa de encobrir a verdadeira natureza do PCC, que não passa de
uma organização que se desenvolve dentro dos parâmetros
clássicos das máfias.
Nenhum laço político ou programático une a quadrilha paulista. Sua organização se baseia
na obediência cega de comandados a comandantes para a perpetuação e a ampliação de seus negócios criminosos. A quem está
dentro do círculo mafioso e retribui à organização com atos delituosos, é providenciada "proteção", extensiva aos familiares fora dos muros das prisões. Quem
rompe o pacto ou perde disputas
de poder é assassinado.
Os facínoras não se batem contra o Regime Disciplinar Diferenciado porque o considerem
incompatível com o Estado de
Direito -eles não têm nenhum
compromisso com o Estado de
Direito. Atacam a norma que
possibilita o nível máximo de
isolamento de chefes mafiosos
nas penitenciárias pelo simples
fato de ela frustrar, profundamente, os interesses criminosos
da quadrilha.
Não caiamos, pois, na esparrela da "politização" do crime organizado paulista. Ela só oculta os
objetivos da facção criminosa e
dificulta a repressão, que deve
ser a mais dura batalha já travada
pelas forças de segurança no
país, a essa chaga mafiosa.
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