![]() São Paulo, quarta-feira, 16 de agosto de 2006 |
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ANTONIO DELFIM NETTO O voto e a cidadania ONTEM começou, de fato, a
campanha política que deverá eleger o presidente da
República, os governadores, os deputados (estaduais e federais) e um
terço do Senado. O eleitor poderá
digitar na urna eletrônica cinco votos. Eles determinarão boa parte
do seu próprio destino: teclado o
"confirma", não haverá mais arrependimento possível. Não lhe restará alternativa que não seja
agüentar, durante 1.461 dias, o resultado da sua escolha.
Esta é a importância do dia 1º de
outubro de 2006. Se o cidadão eleger alguém que pensa e se comporta como ele, e que, como seu representante, souber que sua principal
missão é velar pela integridade e
pela qualidade dos gastos públicos,
ele poderá ter alguma tranqüilidade quando acompanhar o seu trabalho. Dos chefes do Executivo
(presidente e governadores), espera-se uma administração responsável e austera e a proposta de um
Orçamento equilibrado, que cumpra o programa com que se elegeram. Dos membros do Legislativo
-mesmo os da oposição-, espera-se uma íntima cooperação para a
feitura do Orçamento dentro das
prioridades que levaram os eleitores a escolher quem escolheram
para o Executivo. E, tão ou mais
importante do que isso, espera-se
que a minoria fiscalize com rigor e
objetividade a execução orçamentária.
O que não tem cabimento, num
regime presidencialista e em eleições com segundo turno para obter
a maioria absoluta da preferência
da sociedade, é a minoria pretender impor as "prioridades" que foram vencidas nas urnas. Ao governo cabe mostrar a sua maioria nas
votações, e à minoria cabe exercer
lealmente toda a "oposição" permitida pelos regimentos das Casas
do Congresso. Um dos motivos pelos quais isso não tem se verificado
na atual Legislatura é que há, ainda, uma lembrança do mau comportamento do "velho PT". Sua
oposição não tinha limites. Era
desleal e desabusada -o que agora
o PSDB e o PFL não lhe perdoam.
Quando lamentamos a tragédia
que se abateu sobre o Congresso e
verificamos a indignação do eleitorado, é hora de lembrar que não há
ninguém, nas Assembléias, na Câmara ou no Senado, que tenha sido
eleito na Argentina! É claro que o
eleitor não tem culpa pelo mau
comportamento do seu representante, mas não é possível negar que
um bom número deles se descuidou na escolha em 2002. Não há
nada mais importante para o pleno
exercício da cidadania do que o voto meditado e consciente, registrado na urna a cada 1.461 dias. O voto
em branco, que parece resposta à
indignação, é apenas suicídio político...
ANTONIO DELFIM NETTO escreve às quartas-feiras nesta coluna. Texto Anterior: Rio de Janeiro - Sergio Costa: O dia da marmota Próximo Texto: Frases Índice |
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