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SERGIO COSTA
O dia da marmota
RIO DE JANEIRO - Senhoras e
senhores, bem-vindos à versão tupiniquim do dia da marmota. Com
o início do horário eleitoral gratuito, estamos todos presos por um
feitiço do tempo que, tal a sessão da
tarde estrelada por Bill Murray e
Andie MacDowell, fará com que um
mesmo dia se repita indefinidamente -ao menos na tela da TV.
Pode ser implicância, vá lá, mas
alguém poderia explicar qual a razão do horário obrigatório? Aqui
mesmo na Folha, ontem, marqueteiros afirmavam que a TV não interfere na disputa e que grandes
mudanças de votos costumam
acontecer mais em função de notícias do que de programas eleitorais.
Eles apenas ganham alguma utilidade ao repicar acontecidos.
Sem fatos novos, só quem aposta
na chatice eletrônica para virar o
jogo é o tucano. Ele acredita em seu
poder de sedução, no marketing,
nos ataques a Lula e em Papai Noel
para conquistar uns 30 milhões de
votos em seis semanas. O agora Geraldo insistirá em tentar falar ao
coração das massas, franzindo a
testa e escandindo as sílabas para
vender "com-pe-tên-cia". Desde
que longe do PCC.
Heloísa Helena terá 1min11s no
almoço e no jantar, dia sim, dia não,
com os candidatos do PSOL, na
tentativa de se transformar de radical em mãezona para o público. Vai
disputar a atenção das famílias com
o "passa a batata" à mesa e comentários sobre a malévola Marta da
novela. Quem piscar, dança.
E Lula? A tirar pelo primeiro dia,
aí vem de novo a história de vida do
migrante nordestino que chegou lá,
como se sua trajetória lhe assegurasse o direito de continuar no timão da política econômica de resultados, iniciada por seus antecessores. Haja superávit!
De aspirantes a deputados, seus
sambinhas e jingles, melhor se abster. Até a marmota é mais eloqüente ao anunciar o fim do inverno.
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