São Paulo, quarta-feira, 16 de outubro de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Propagandas
"No programa eleitoral de José Serra, a atriz Regina Duarte diz estar com medo do que possa vir a acontecer caso Lula ganhe as eleições. É lamentável ver uma atriz de sua estatura e popularidade "encenando" as falas de uma peça do mais puro terrorismo eleitoral. Poderia ter poupado esse vexame aos eleitores e, sobretudo, a seus admiradores.
O Brasil não precisa de medrosos. Precisa, sim, de governantes que tenham coragem de assumir um compromisso ético com o povo brasileiro."
Sandra Moreira (Curitiba, PR)

 

"A propaganda eleitoral do candidato Lula na TV é amoral e aética. Está se utilizando do sofrimento e das dificuldades de certas pessoas para ter vantagem pessoal e para ganhar votos.
Em seu comentário, previamente estudado, esquece-se de que os serviços públicos de saúde são de responsabilidade dos Estados, dos municípios e do governo federal. Os serviços prestados pelos Estados e municípios governados pelo PT não são melhores. Toda a propaganda é pautada na exploração das dificuldades e infelicidades de uma parte dos brasileiros, esquecendo-se daqueles que, de alguma maneira, conseguiram melhorar. O programa e a propaganda do PT são formados por frases vazias e sem conteúdo ético, técnico e racional."
Fausto de Salles Pupo Filho (São Paulo, SP)


Editorial
"A imprensa de maneira geral, inclusive esta Folha, tenta tratar o eleitor de maneira simplista, acreditando que o debate de idéias é capaz de esclarecer alguma coisa. Essa ladainha de "aprofundamento de idéias" iniciou-se na noite de apuração pelo candidato do governo. Venho assistindo à mídia aderir a esse discurso de maneira automática, como foi exposto no editorial "Mais e melhores debates" (Opinião, pág. A2, 12/10).
O que o candidato do governo e o coro da mídia vêm pedindo é impossível inclusive para José Serra. Gostaria de saber como as propostas poderiam ser "aprofundadas" se, para tomar posições num orçamento restrito, é necessário explicitar que grupo vai perder e quem vai ganhar. Não sou ingênua para acreditar que qualquer candidato possa fazer tal explicitação antes do segundo turno.
Sinto muito, mas, como não acredito que a imprensa seja ingênua, vejo no mínimo má-fé nesse tipo de argumento. Seria bem melhor se vocês fossem capazes de se posicionar de maneira clara. À uma imprensa "imparcial" prefiro aquela que assume suas posições."
Natalia Batista (São Paulo, SP)

Nota da Redação - A Folha não apóia nenhum candidato a cargo eletivo. Acompanha criticamente a campanha e, nesse exercício, deplora a estratégia do PT de se furtar à ampliação do debate direto entre presidenciáveis. A realização desses eventos, por mais avessos à antecipação de ganhadores e perdedores num futuro governo que possam ser, é melhor que a ausência de debates e a consequente entrega da campanha a tratamento meramente publicitário.


Prefeitura petista
"No dia 27/9, o repórter Roberto Cosso procurou a mim e a outros assessores da Prefeitura de Catanduva a fim de esclarecer uma "denúncia" de fatos ocorridos em 1998. O repórter avisou que a reportagem seria publicada no domingo 29/9. Embora tivesse compromissos eleitorais naquela noite, cancelei minha agenda e dispus-me a responder às suas perguntas uma por uma. Fui à prefeitura com assessores, abrimos os arquivos e os colocamos à disposição da reportagem da Folha. Por telefone e por fax, enviei tudo o que foi solicitado pelo repórter. Mandamos processos, ordens de serviço e notas fiscais. Depois das 23h, conversamos pela última vez por seu telefone celular. Perguntei a Roberto Cosso se ele tinha dúvidas, porque, enquanto as tivesse, estávamos dispostos a dissipá-las. Ele me respondeu que não. E mais: disse que não havia mais motivo para publicar a reportagem.
Por tudo isso, fiquei muito surpreso com a reportagem publicada neste domingo, 13/10 ("Gestão do PT pagou campanha, diz empresária", Brasil, pág. A9). E fiquei mais surpreso ainda ao ver que todos os documentos que enviamos foram suprimidos pela edição. Fiquei abismado com o fato de a Folha abrir espaço no caderno Brasil, um dos mais nobres do jornalismo brasileiro, para uma pessoa confessar que teria feito algo errado com dinheiro público e tentar nos empurrar uma responsabilidade que seria dela."
Félix Sahão Júnior, prefeito de Catanduva (Catanduva, SP)

Resposta do jornalista Roberto Cosso - Este repórter jamais disse que não havia motivo para publicar a reportagem. O conteúdo dos documentos enviados à Folha está expresso no texto.

 

"A reportagem publicada no último domingo traz muitas inverdades e um grave erro jornalístico. Conversei com Roberto Cosso por telefone algumas vezes entre a tarde e a noite do dia 27/9 e em nenhum momento o repórter mencionou algumas acusações presentes na reportagem -particularmente a de que eu teria ordenado a uma funcionária a emissão de notas fiscais apenas para justificar pagamentos indevidos, o que não é verdade. Ressalto que, no último telefonema, coloquei-me à disposição do repórter, dando a ele os números dos telefones da minha casa, do meu celular e do meu local de trabalho. Ele respondeu que, se tivesse alguma dúvida, iria me telefonar, fato que não ocorreu.
Também lastimo que esse jornal abra suas páginas para que uma pessoa faça acusações sem lastro na realidade e sem provas. Pior ainda foi a edição da reportagem. Ela ignorou os documentos enviados à Redação (que desmontavam a reportagem) e reduziu os depoimentos -que a deixariam sem sentido- a mera ilustração no texto "Outro lado".
Quanto às acusações, moverei processo criminal para que a responsável responda por seus atos perante a Justiça.
Edson Antunes Campos (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Roberto Cosso - Este repórter apresentou ao missivista os principais pontos da entrevista de sua ex-sócia. Concordei em conversar "off the records" por mais de 15 minutos e, ao final, anotei sua declaração oficial, que foi transcrita na íntegra.


Cuba
"Ao ler o artigo "Cuba e os furacões", do ilustre ministro Celso Lafer ("Tendências/Debates", 13/10), senti profunda tristeza como cubano que sou. A análise feita foi ataviada por uma visão muito superficial da realidade cubana. Qual é o significado de Cuba para o sr. ministro? Os cubanos? Ou o governo totalitário que não respeita os direitos e as opiniões dos cubanos? Como é possível falar da inserção internacional de Cuba sem falar da inserção real dos cidadãos cubanos nas decisões do destino do próprio país? Como será possível manter um nível decente na educação e na saúde se os cubanos são limitados pelo governo em suas capacidades produtivas e criativas?
No sentido acadêmico, é difícil compreender como o sr. ministro, sendo um conhecedor da obra e da vida de Hannah Arendt, possa deixar de fora de sua análise sobre Cuba o elemento mais importante: o caráter totalitário do governo cubano e as consequências desastrosas deste para a sociedade cubana."
Ernesto Ibarra (São Paulo, SP)


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