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ROSSI, O MESMO
É típica da política a composição de
grupos divergentes a fim de conquistar o poder. Certas alianças são mais
palatáveis para a moralidade e para o
bom senso médios, outras são francamente oportunistas, e existem
aquelas em que o negocismo e a impudência são óbvios. Dada a fragmentação partidária do país, as coalizões são ainda mais comuns, em
especial após a instituição do voto
em dois turnos. As saladas políticas
que vêm sendo remexidas com vistas
à votação de 25 de outubro incluem
combinações tão exóticas como a do
PT com o PFL, no Distrito Federal.
Algumas alianças muitas vezes exigem uma mudança de rota política.
Outras restringem-se a apoios de
ocasião, provisórios, com o objetivo
de derrotar um inimigo político comum. Mas certas guinadas muito súbitas não deixam de incomodar, para
dizer o menos. Tome-se o caso de
Francisco Rossi, derrotado na disputa do governo de São Paulo.
Não deveria causar estranheza o fato de Rossi se aliar a um dos finalistas da eleição. Não deveria, mas causa. Ou, talvez, a palavra não seja estranheza. Causa na verdade mal-estar a aliança de um candidato que
martelou sua imagem de político novo, diferente, com a conhecida figura
de Paulo Maluf. Rossi, apesar de ter
frequentado quatro partidos, não só
se dizia diferente como apelava ao
eleitor que execrasse os políticos de
sempre: "Chega dos mesmos", dizia.
Esse pedetista temporário chegou a
dizer que jamais apoiaria Maluf num
segundo turno. Isso foi há um mês.
Não se trata de nada muito chocante ou surpreendente na vida política,
na brasileira em particular. Mas não
deixa de ser lamentável.
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