São Paulo, sexta, 16 de outubro de 1998

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ROSSI, O MESMO

É típica da política a composição de grupos divergentes a fim de conquistar o poder. Certas alianças são mais palatáveis para a moralidade e para o bom senso médios, outras são francamente oportunistas, e existem aquelas em que o negocismo e a impudência são óbvios. Dada a fragmentação partidária do país, as coalizões são ainda mais comuns, em especial após a instituição do voto em dois turnos. As saladas políticas que vêm sendo remexidas com vistas à votação de 25 de outubro incluem combinações tão exóticas como a do PT com o PFL, no Distrito Federal.
Algumas alianças muitas vezes exigem uma mudança de rota política. Outras restringem-se a apoios de ocasião, provisórios, com o objetivo de derrotar um inimigo político comum. Mas certas guinadas muito súbitas não deixam de incomodar, para dizer o menos. Tome-se o caso de Francisco Rossi, derrotado na disputa do governo de São Paulo.
Não deveria causar estranheza o fato de Rossi se aliar a um dos finalistas da eleição. Não deveria, mas causa. Ou, talvez, a palavra não seja estranheza. Causa na verdade mal-estar a aliança de um candidato que martelou sua imagem de político novo, diferente, com a conhecida figura de Paulo Maluf. Rossi, apesar de ter frequentado quatro partidos, não só se dizia diferente como apelava ao eleitor que execrasse os políticos de sempre: "Chega dos mesmos", dizia. Esse pedetista temporário chegou a dizer que jamais apoiaria Maluf num segundo turno. Isso foi há um mês.
Não se trata de nada muito chocante ou surpreendente na vida política, na brasileira em particular. Mas não deixa de ser lamentável.



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